sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
ATENÇÃO 2C - MATERIAL DE ESTUDO: VIDA E OBRA DE MAX WEBER
Max Weber – Vida e Obra
Pondo-se de lado alguns trabalhos precursores, como os de Maquiavel (1469-1527) e Montesquieu (1689-1755), o estudo científico dos fatos humanos somente começou a se constituir em meados do século XIX. Nessa época, assistia-se ao triunfo dos métodos das ciências naturais, concretizadas nas radicais transformações da vida material do homem; operadas pela Revolução Industrial. Diante dessa comprovação inequívoca da fecundidade do caminho metodológico apontado por Galileu (1564-1642) e outros, alguns pensadores que procuravam conhecer cientificamente os fatos humanos passaram a abordá-los segundo as coordenadas das ciências naturais. Outros, ao contrário, afirmando a peculiaridade do fato humano e a conseqüente necessidade de uma metodologia própria. Essa metodologia deveria levar em consideração o fato de que o conhecimento dos fenômenos naturais e um conhecimento de algo externo ao próprio homem, enquanto nas ciências sociais o que se procura conhecer é a própria experiência humana. De acordo com a distinção entre experiência externa e experiência interna, poder-se-ia distinguir uma série de contrastes metodológicos entre os dois grupos de ciências. As ciências exatas partiriam da observação sensível e seriam experimentais, procurando obter dados mensuráveis e regularidades estatísticas que conduzissem à formulação de leis de caráter matemático.
As ciências humanas, ao contrário, dizendo respeito à própria experiência humana, seriam introspectivas, utilizando a intuição direta dos fatos, e procurariam atingir não generalidades de caráter matemático, mas descrições qualitativas de tipos e formas fundamentais da vida do espírito.
Os positivistas (como eram chamados os teóricos da identidade fundamental entre as ciências exatas e as ciências humanas) tinham suas origens sobretudo na tradição empirista inglesa que remonta a Francis Bacon (1561-1626) e encontrou expressão em David Hume (1711-1776), nos utilitaristas do século XIX e outros. Nessa linha metodológica de abordagem dos fatos humanos se colocariam Augusto Comte (1798-1857) e Émile Durkheim (1858-1917), este considerado por muitos como o fundador da sociologia como disciplina científica. Os antipositivistas, adeptos da distinção entre ciências humanas e ciências naturais, foram sobretudo os alemães, vinculados ao idealismo dos filósofos da época do Romantismo, principalmente Hegel (1770-1831) e Schleiermacher (1768-1834). Os principais representantes dessa orientação foram os neokantianos Wilhelm Dilthey (1833-1911), Wilhelm Windelband (1848-1915) e Heinrich Rickert (1863-1936). Dilthey estabeleceu uma distinção que fez fortuna: entre explicação (erklären) e compreensão (verstehen). O modo explicativo seria característico das ciências naturais, que procuram o relacionamento causal entre os fenômenos. A compreensão seria o modo típico de proceder das ciências humanas, que não estudam fatos que possam ser explicados propriamente, mas visam aos processos permanentemente vivos da experiência humana e procuram extrair deles seu sentido (Sinn). Os sentidos (ou significados) são dados, segundo Dilthey, na própria experiência do investigador, e poderiam ser empaticamente apreendidos na experiência dos outros.
Dilthey (como Windelband e Rickert), contudo, foi sobretudo filósofo e historiador e não, propriamente, cientista social, no sentido que a expressão ganharia no século XX. Outros levaram o método da compreensão ao estudo de fatos humanos particulares, constituindo diversas disciplinas compreensivas. Na sociologia, a tarefa ficaria reservada a Max Weber.
Uma educação humanista apurada
Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e desde cedo orientou-o no sentido das humanidades. Weber recebeu excelente educação secundária em línguas, história e literatura clássica. Em 1882, começou os estudos superiores em Heidelberg; continuando-os em Göttingen e Berlim, em cujas universidades dedicou-se simultaneamente à economia, à história, à filosofia e ao direito. Concluído o curso, trabalhou na Universidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao mesmo tempo em que servia como assessor do governo. Em 1893, casou-se e; no ano seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu para a de Heidelberg, em 1896. Dois anos depois, sofreu sérias perturbações nervosas que o levaram a deixar os trabalhos docentes, só voltando à atividade em 1903, na qualidade de co-editor do Arquivo de Ciências Sociais (Archiv tür Sozialwissenschatt), publicação extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociológicas na Alemanha. A partir dessa época, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasiões, em que proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique, nos anos que precederam sua morte, em 1920.
Compreensão e explicação
Dentro das coordenadas metodológicas que se opunham à assimilação das ciências sociais aos quadros teóricos das ciências naturais, Weber concebe o objeto da sociologia como, fundamentalmente, "a captação da relação de sentido" da ação humana. Em outras palavras, conhecer um fenômeno social seria extrair o conteúdo simbólico da ação ou ações que o configuram. Por ação, Weber entende "aquela cujo sentido pensado pelo sujeito jeito ou sujeitos jeitos é referido ao comportamento dos outros; orientando-se por ele o seu comportamento". Tal colocação do problema de como se abordar o fato significa que não é possível propriamente explicá-lo como resultado de um relacionamento de causas e efeitos (procedimento das ciências naturais), mas compreendê-lo como fato carregado de sentido, isto é, como algo que aponta para outros fatos e somente em função dos quais poderia ser conhecido em toda a sua amplitude.
O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações. Se, por exemplo, uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.
Segundo Weber, a captação desses sentidos contidos nas ações humanas não poderia ser realizada por meio, exclusivamente, dos procedimentos metodológicos das ciências naturais, embora a rigorosa observação dos fatos (como nas ciências naturais) seja essencial para o cientista social. Contudo, Weber não pretende cavar um abismo entre os dois grupos de ciências. Segundo ele, a consideração de que os fenômenos obedecem a uma regularidade causal envolve referência a um mesmo esquema lógico de prova, tanto nas ciências naturais quanto nas humanas. Entretanto, se a lógica da explicação causal é idêntica, o mesmo não se poderia dizer dos tipos de leis gerais a serem formulados para cada um dos dois grupos de disciplinas. As leis sociais, para Weber, estabelecem relações causais em termos de regras de probabilidades, segundo as quais a determinados processos devem seguir-se, ou ocorrer simultaneamente., outros. Essas leis referem-se a construções de “comportamento com sentido” e servem para explicar processos particulares. Para que isso seja possível; Weber defende a utilização dos chamados “tipos ideais”, que representam o primeiro nível de generalização de conceitos abstratos e, correspondendo às exigências lógicas da prova, estão intimamente ligados à realidade concreta particular.
O legal e o típico
O conceito de tipo ideal corresponde, no pensamento weberiano, a um processo de conceituação que abstrai de fenômenos concretos o que existe de particular, constituindo assim um conceito individualizante ou, nas palavras do próprio Weber, um “conceito histórico concreto”. A ênfase na caracterização sistemática dos padrões individuais concretos (característica das ciências humanas) opõe a conceituação típico-ideal à conceituação generalizadora, tal como esta é conhecida nas ciências naturais.
A conceituação generalizadora, como revela a própria expressão, retira do fenômeno concreto aquilo que ele tem de geral, isto é, as uniformidades e regularidades observadas em diferentes fenômenos constitutivos de uma mesma classe. A relação entre o conceito genérico e o fenômeno concreto é de natureza tal que permite classificar cada fenômeno particular de acordo com os traços gerais apresentados pelo mesmo, considerando como acidental tudo o que não se enquadre dentro da generalidade. Além disso, a conceituação generalizadora considera o fenômeno particular como um caso cujas características gerais podem ser deduzidas de uma lei.
A conceituação típico-ideal chega a resultados diferentes da conceituação generalizadora. O tipo ideal, segundo Weber, expõe como se desenvolveria uma forma particular de ação social se o fizesse racionalmente em direção a um fim e se fosse orientada de forma a atingir um e somente um fim. Assim, o tipo ideal não descreveria um curso concreto de ação, mas um desenvolvimento normativamente ideal, isto é, um curso de ação “objetivamente possível”. O tipo ideal é um conceito vazio de conteúdo real: ele depura as propriedades dos fenômenos reais desencarnando-os pela análise, para depois reconstruí-los. Quando se trata de tipos complexos (formados por várias propriedades), essa reconstrução assume a forma de síntese, que não recupera os fenômenos em sua real concreção, mas que os idealiza em uma articulação significativa de abstrações. Desse modo, se constitui uma “pauta de contrastação”, que permite situar os fenômenos reais em sua relatividade. Por conseguinte, o tipo ideal não constitui nem uma hipótese nem uma proposição e, assim, não pode ser falso nem verdadeiro, mas válido ou não-válido, de acordo com sua utilidade para a compreensão significativa dos acontecimentos estudados pelo investigador.
No que se refere à aplicação do tipo ideal no tratamento da realidade, ela se dá de dois modos. O primeiro é um processo de contrastação conceituai que permite simplesmente apreender os fatos segundo sua maior ou menor aproximação ao tipo ideal. O segundo consiste na formulação de hipóteses explicativas. Por exemplo: para a explicação de um pânico na bolsa de valores, seria possível, em primeiro lugar, supor como se desenvolveria o fenômeno na ausência de quaisquer sentimentos irracionais; somente depois se poderia introduzir tais sentimentos como fatores de perturbação. Da mesma forma se poderia proceder para a explicação de uma ação militar ou política. Primeiro se fixaria, hipoteticamente, como se teria desenvolvido a ação se todas as intenções dos participantes fossem conhecidas e se a escolha dos meios por parte dos mesmos tivesse sido orientada de maneira rigorosamente racional em relação a certo fim. Somente assim se poderia atribuir os desvios aos fatores irracionais.
Nos exemplos acima é patente a dicotomia estabelecida por Weber entre o racional e o irracional, ambos conceitos fundamentais de sua metodologia. Para Weber, uma ação é racional quando cumpre duas condições. Em primeiro lugar, uma ação é racional na medida em que é orientada para um objetivo claramente formulado, ou para um conjunto de valores, também claramente formulados e logicamente consistentes. Em segundo lugar, uma ação é racional quando os meios escolhidos para se atingir o objetivo são os mais adequados.
Uma vez de posse desses instrumentos analíticos, formulados para a explicação da realidade social concreta ou, mais exatamente, de uma porção dessa realidade, Weber elabora um sistema compreensivo de conceitos, estabelecendo uma terminologia precisa como tarefa preliminar para a análise das inter-relações entre os fenômenos sociais. De acordo com o vocabulário weberiano, são quatro os tipos de ação que cumpre distinguir claramente: ação racional em relação a fins, ação racional em relação a valores, ação afetiva e ação tradicional. Esta última, baseada no hábito, está na fronteira do que pode ser considerado como ação e faz Weber chamar a atenção para o problema de fluidez dos limites, isto é, para a virtual impossibilidade de se encontrarem “ações puras”. Em outros termos, segundo Weber, muito raramente a ação social orienta-se exclusivamente conforme um ou outro dos quatro tipos. Do mesmo modo, essas formas de orientação não podem ser consideradas como exaustivas. Seriam tipos puramente conceituais, construídos para fins de análise sociológica, jamais encontrando-se na realidade em toda a sua pureza; na maior parte dos casos, os quatro tipos de ação encontram-se misturados. Somente os resultados que com eles se obtenham na análise da realidade social podem dar a medida de sua conveniência. Para qualquer um desses tipos tanto seria possível encontrar fenômenos sociais que poderiam ser incluídos neles, quanto se poderia também deparar com fatos limítrofes entre um e outro tipo. Entretanto, observa Weber, essa fluidez só pode ser claramente percebida quando os próprios conceitos tipológicos não são fluidos e estabelecem fronteiras rígidas entre um e outro. Um conceito bem definido estabelece nitidamente propriedades cuja presença nos fenômenos sociais permite diferenciar um fenômeno de outro; estes, contudo, raramente podem ser classificados de forma rígida.
O sistema de tipos ideais
Na primeira parte de Economia e Sociedade, Max Weber expõe seu sistema de tipos ideais, entre os quais os de lei, democracia, capitalismo, feudalismo, sociedade, burocracia, patrimonialismo, sultanismo. Todos esses tipos ideais são apresentados pelo autor como conceitos definidos conforme critérios pessoais, isto é, trata-se de conceituações do que ele entende pelo termo empregado, de forma a que o leitor perceba claramente do que ele está falando. O importante nessa tipologia reside no meticuloso cuidado com que Weber articula suas definições e na maneira sistemática com que esses conceitos são relacionados uns aos outros. A partir dos conceitos mais gerais do comportamento social e das relações sociais, Weber formula novos conceitos mais específicos, pormenorizando cada vez mais as características concretas.
Sua abordagem em termos de tipos ideais coloca-se em oposição, por um lado, à explicação estrutural dos fenômenos, e, por outro, à perspectiva que vê os fenômenos como entidades qualitativamente diferentes. Para Weber, as singularidades históricas resultam de combinações específicas de fatores gerais que, se isolados, são quantificáveis, de tal modo que os mesmos elementos podem ser vistos numa série de outras combinações singulares. Tudo aquilo que se afirma de uma ação concreta, seus graus de adequação de sentido, sua explicação compreensiva e causal, seriam hipóteses suscetíveis de verificação. Para Weber, a interpretação causal correta de uma ação concreta significa que “o desenvolvimento externo e o motivo da ação foram conhecidos de modo certo e, ao mesmo tempo, compreendidos com sentido em sua relação”. Por outro lado, a interpretação causal correta de uma ação típica significa que o acontecimento considerado típico se oferece com adequação de sentido e pode ser comprovado como causalmente adequado, pelo menos em algum grau.
O capitalismo é protestante?
As soluções encontradas por Weber para os intrincados problemas metodológicos que ocuparam a atenção dos cientistas sociais do começo do século XX permitiram-lhe lançar novas luzes sobre vários problemas sociais e históricos, e fazer contribuições extremamente importantes para as ciências sociais. Particularmente relevantes nesse sentido foram seus estudos sobre a sociologia da religião, mais exatamente suas interpretações sobre as relações entre as idéias e atitudes religiosas, por um lado, e as atividades e organização econômica correspondentes, por outro.
Esses estudos de Weber, embora incompletos, foram publicados nos três volumes de sua Sociologia da Religião. A linha mestra dessa obra é constituída pelo exame dos aspectos mais importantes da ordem social e econômica do mundo ocidental, nas várias etapas de seu desenvolvimento histórico. Esse problema já se tinha colocado para outros pensadores anteriores a Weber, dentre os quais Karl Marx (1818-1883), cuja obra, além de seu caráter teórico, constituía elemento fundamental para a lufa econômica e política dos partidos operários; por ele mesmo criados. Por essas razões, a pergunta que os sociólogos alemães se faziam era se o materialismo histórico formulado por Marx era ou não o verdadeiro, ao transformar o fator econômico no elemento determinante de todas as estruturas sociais e culturais, inclusive a religião. Inúmeros trabalhos foram escritos para resolver o problema, substituindo-se o fator econômico como dominante por outros fatores, tais como raça, clima, topografia, idéias filosóficas, poder político. Alguns autores, como Wilhelm Dilthey, Ernst Troeltsch (1865-1923) e Werner Sombart (1863-1941), já se tinham orientado no sentido de ressaltar a influência das idéias e das convicções éticas como fatores determinantes, e chegaram à conclusão de que o moderno capitalismo não poderia ter surgido sem uma mudança espiritual básica, como aquela que ocorreu nos fins da Idade Média. Contudo, somente com os trabalhos de Weber foi possível elaborar uma verdadeira teoria geral capaz de confrontar-se com a de Marx.
A primeira idéia que ocorreu a Weber na elaboração dessa teoria foi a de que, para conhecer corretamente a causa ou causas do surgimento do capitalismo, era necessário fazer um estudo comparativo entre as várias sociedades do mundo ocidental (único lugar em que o capitalismo, como um tipo ideal, tinha surgido) e as outras civilizações, principalmente as do Oriente, onde nada de semelhante ao capitalismo ocidental tinha aparecido. Depois de exaustivas análises nesse sentido, Weber foi conduzido à tese de que a explicação para o fato deveria ser encontrada na íntima vinculação do capitalismo com o protestantismo: “Qualquer observação da estatística ocupacional de um país de composição religiosa mista traz à luz, com notável freqüência, um fenômeno que já tem provocado repetidas discussões na imprensa e literatura católicas e em congressos católicos na Alemanha: o fato de os líderes do mundo dos negócios e proprietários do capital, assim como os níveis mais altos de mão-de-obra qualificada, principalmente o pessoal técnica e comercialmente especializado das modernas empresas, serem preponderantemente protestantes”.
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A partir dessa afirmação, Weber coloca uma série de hipóteses referentes a fatores que poderiam explicar o fato. Analisando detidamente esses fatores, Weber elimina-os, um a um, mediante exemplos históricos, e chega à conclusão final de que os protestantes, tanto como classe dirigente, quanto como classe dirigida, seja como maioria, seja como minoria, sempre teriam demonstrado tendência específica para o racionalismo econômico. A razão desse fato deveria, portanto, ser buscada no caráter intrínseco e permanente de suas crenças religiosas e não apenas em suas temporárias situações externas na história e na política.
Uma vez indicado o papel que as crenças religiosas teriam exercido na gênese do espírito capitalista, Weber propõe-se a investigar quais os elementos dessas crenças que atuaram no sentido indicado e procura definir o que entende por "espírito do capitalismo". Este é entendido por Weber como constituído fundamentalmente por uma ética peculiar, que pode ser exemplificada muito nitidamente por trechos de discursos de Benjamin Franklin (1706 - 1790), um dos líderes da independência dos Estados Unidos. Benjamin Franklin, representante típico da mentalidade dos colonos americanos e do espírito pequeno-burguês, afirma em seus discursos que “ganhar dinheiro dentro da ordem econômica moderna é, enquanto isso for feito legalmente, o resultado e a expressão da virtude e da eficiência de uma vocação”. Segundo a interpretação dada por Weber a esse texto, Benjamin Franklin expressa um utilitarismo, mas um utilitarismo com forte conteúdo ético, na medida em que o aumento de capital é considerado um fim em si mesmo e, sobretudo, um dever do indivíduo. O aspecto mais interessante desse utilitarismo residiria no fato de que a ética de obtenção de mais e mais dinheiro é combinada com o estrito afastamento de todo gozo espontâneo da vida.
A questão seguinte colocada por Weber diz respeito aos fatores que teriam levado a transformar-se em vocação uma atividade que, anteriormente ao advento do capitalismo, era, na melhor das hipóteses, apenas tolerada. O conceito de vocação como valorização do cumprimento do dever dentro das profissões seculares Weber encontra expresso nos escritos de Martinho Lutero (1483-1546), a partir do qual esse conceito se tornou o dogma central de todos os ramos do protestantismo. Em Lutero, contudo, o conceito de vocação teria permanecido em sua forma tradicional, isto é, algo aceito como ordem divina à qual cada indivíduo deveria adaptar-se. Nesse caso, o resultado ético, segundo Weber, é inteiramente negativo, levando à submissão. O luteranismo, portanto, não poderia ter sido a razão explicativa do espírito do capitalismo.
Weber volta-se então para outras formas de protestantismo diversas do luteranismo, em especial para o calvinismo e outras seitas, cujo elemento básico era o profundo isolamento espiritual do indivíduo em relação a seu Deus, ó que, na prática, significava a racionalização do mundo e a eliminação do pensamento mágico como meio de salvação. Segundo o calvinismo, somente uma vida guiada pela reflexão contínua poderia obter vitória sobre o estado natural, e foi essa racionalização que deu à fé reformada uma tendência ascética.
Com o objetivo de relacionar as idéias religiosas fundamentais do protestantismo com as máximas da vida econômica capitalista, Weber analisa alguns pontos fundamentais da ética calvinista, como a afirmação de que “o trabalho constitui, antes de mais nada, a própria finalidade da vida”. Outra idéia no mesmo sentido estaria contida na máxima dos puritanos, segundo a qual “a vida profissional do homem é que lhe dá uma prova de seu estado de graça para sua consciência, que se expressa no zelo e no método, fazendo com que ele consiga cumprir sua vocação”. Por meio desses exemplos, Weber mostra que o ascetismo secular do protestantismo “libertava psicologicamente a aquisição de bens da ética tradicional, rompendo os grilhões da ânsia de lucro, com o que não apenas a legalizou, como também a considerou como diretamente desejada por Deus”. E m síntese, a tese de Weber afirma que a consideração dó trabalho (entendido como vocação constante e sistemática) como o mais alto instrumento de ascese e o mais seguro meio de preservação da redenção da fé e do homem deve ter sido a mais poderosa alavanca da expressão dessa concepção de vida constituída pelo espírito do capitalismo.
É necessário, contudo, salientar que Weber, em nenhum momento considera o espírito do capitalismo como pura conseqüência da Reforma protestante. O sentido que norteia sua análise é antes uma proposta de investigarem que medida as influências religiosas participaram da moldagem qualitativa do espírito do capitalismo. Percorrendo o caminho inverso, Weber propõe-se também a compreender melhor o sentido do protestantismo, mediante o estudo dos aspectos fundamentais do sistema econômica capitalista. Tendo em vista a grande confusão existente no campo das influências entre as bases materiais, as formas de organização social e política e os conteúdos espirituais da Reforma, Weber salientou que essas influências só poderiam ser. confirmadas por meio de exaustivas investigações dos pontos em que realmente teriam ocorrido correlações entre o movimento religioso e a ética vocacional, Com isso “se poderá avaliar” - diz o próprio Weber – “em que medida os fenômenos culturais contemporâneos se originam historicamente em motivos religiosos e em que medida podem ser relacionados com eles”.
Autoridade e legitimidade
A aplicação da metodologia compreensiva à análise dos fenômenos históricos e sociais, por parte dê Weber, não sê limitou às relações entre o protestantismo ê o sistema capitalista. Inúmeros foram seus trabalhos dê investigação empírica sobre assuntos econômicos ê políticos. Entre os primeiros, salientam-se A Situação dos Trabalhadores Agrícolas no Elba ê A Psicofisiologia do Trabalho Industrial. Entre os segundos, devem ser ressaltadas suas análises críticas da seleção burocrática dos líderes políticos na Alemanha dos Kaiser Guilherme I e II ê da despolitização levada a cabo com a hegemonia dos burocratas. Para a teoria política em geral, contudo, foram mais importantes os conceitos ê categorias interpretativas que formulou e que se tornaram clássicos nas ciências sociais.
Weber distingue no conceito de política duas acepções, uma geral e outra restrita. No sentido mais amplo, política é entendida por ele como “qualquer tipo dê liderança independente em ação”. No sentido restrito, política seria liderança dê um tipo dê associação específica; em outras palavras, tratar-se-ia da liderança do Estado. Este, por sua vez, é defendido por Weber como “uma comunidade humana que pretende o monopólio do uso legítimo da força física dentro de determinado território". Definidos esses conceitos básicos, Weber é conduzido a desdobrar a natureza dos elementos essenciais quê constituem o Estado ê assim chega ao conceito dê autoridade ê dê legitimidade. Para quê um Estado exista, diz Weber, é necessário quê um conjunto dê pessoas (toda a sua população) obedeça à autoridade alegada pêlos detentores do poder no referido Estado. Por outro lado, para quê os dominados obedeçam é necessário quê os detentores do poder possuam uma autoridade reconhecida como legítima.
A autoridade pode ser distinguida segundo três tipos básicos: a racional-legal, a tradicional e a carismática. Esses três tipos dê autoridade correspondem a três tipos dê legitimidade: a racional, a puramente afetiva e a utilitarista. O tipo racional-legal tem como fundamento a dominação em virtude da crença na validade do estatuto legal e da competência funcional, baseada, por sua vez, em regras racionalmente criadas. A autoridade desse tipo mantém-se, assim, segundo uma ordem impessoal e universalista, e os limites de seus poderes são determinados pelas esferas de competência, defendidas pela própria ordem. Quando a autoridade racional-legal envolve um corpo administrativo organizado, toma a forma dê estrutura burocrática, amplamente analisada por Weber.
A autoridade tradicional é imposta por procedimentos considerados legítimos porquê sempre teria existido, e é aceita em nome de uma tradição reconhecida como válida. O exercício da autoridade nos Estados desse tipo é definido por um sistema dê status, cujos poderes são determinados, em primeiro lugar, por prescrições concretas da ordem tradicional ê, em segundo lugar, pela autoridade dê outras pessoas que estão acima dê um status particular no sistema hierárquico estabelecido. Os poderes são também determinados pela existência dê uma esfera arbitrária de graça, aberta a critérios variados, como os de razão de Estado, justiça substantiva, considerações dê utilidade e outros. Ponto importante é a inexistência de separação nítida entre a esfera da autoridade e a competência privada do indivíduo, fora de sua autoridade. Seu status é total, na medida em que seus vários papéis estão muito mais integrados do que no caso de um ofício no Estado racional-legal.
Em relação ao tipo de autoridade tradicional, Weber apresenta uma subclassificação em termos do desenvolvimento e do papel do corpo administrativo: gerontocracia e patriarcalismo. Ambos são tipos em que nem um indivíduo, nem um grupo, segundo o caso, ocupam posição de autoridade independentemente do controle de um corpo administrativo, cujo status e cujas funções são tradicionalmente fixados. No tipo patrimonialista de autoridade, as prerrogativas pessoais do "chefe" são muito mais extensas e parte considerável da estrutura da autoridade tende a se emancipar do controle da tradição.
A dominação carismática é um tipo de apelo que se opõe às bases de legitimidade da ordem estabelecida e institucionalizada. O líder carismático, em certo sentido, é sempre revolucionário, na medida em que se coloca em oposição consciente a algum aspecto estabelecido da sociedade em que atua. Para que se estabeleça uma autoridade desse tipo, é necessário que o apelo do líder seja considerado como legítimo por seus seguidores, os quais estabelecem com ele uma lealdade de tipo pessoal. Fenômeno excepcional, a dominação carismática não pode estabilizar-se sem sofrer profundas mudanças estruturais, tornando-se, de acordo com os padrões de sucessão que adotar e com a evolução do corpo administrativo, ou racional-legal ou tradicional, em algumas de suas configurações básicas.
SOCIOLOGIA 2C - MAX WEBER (AULA DE INTRODUÇÃO)
Para Weber a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais. Estas são todo tipo de ação que o indivíduo faz, orientando-se pela ação de outros.
Só existe ação social, quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações com os demais.
Weber estabeleceu quatro tipos de ação social. Estes são conceitos que explicam a realidade social, mas não são a realidade social:
1 – ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado;
2 – ação afetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais;
3 – racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade;
4 – racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.
2 – ação afetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais;
3 – racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade;
4 – racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.
Nos conceitos de ação social e definição de seus diferentes tipos, Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos.
Para ele as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais.
Na sua concepção o método deve enfatizar o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.
Na sua concepção o método deve enfatizar o papel ativo do pesquisador em face da sociedade.
ATENÇÃO: PESQUISE SOBRE A VIDA DE MAX WEBER E FAÇA ANOTAÇÕES EM SEU CADERNO.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
EGITO ANTIGO - CONTRIBUIÇÃO DO ALUNO BRUNO 1B
A civilização egípcia
A sociedade do Egito Antigo possuía uma forma de organização bem eficiente, embora injusta. Esta sociedade era hierárquica, ou seja, cada segmento possuía funções e poderes determinados, sendo que os grupos com menos poderes tinham que obedecer quem estava acima. Os egípcios desenvolveram conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação, proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano
Principais grupos sociais e a função que exerciam nesta sociedade.
Faraó - Era o governante do Egito. Possuía poderes totais sobre a sociedade egípcia, além de ser reconhecido como um deus. O poder dos faraós era transmitido hereditariamente, portanto não havia nenhum processo de escolha ou votação para colocá-lo no poder. O faraó e sua família eram muito ricos, pois ficavam com boa parte dos impostos recolhidos entre o povo. A família real vivia de forma luxuosa em grandes palácios. Ainda em vida, ordenava a construção da pirâmide que iria abrigar seu corpo mumificado e seus tesouros após a morte. Sacerdotes - Na escala de poder estavam abaixo somente do faraó. Eram responsáveis pelos rituais, festas e atividades religiosas no Antigo Egito. Conheciam muito bem as características e funções dos deuses egípcios. Comandavam os templos e os rituais após a morte do faraó. Alguns sacerdotes foram mumificados e seus corpos colocados em pirâmides, após a morte
Faraó - Era o governante do Egito. Possuía poderes totais sobre a sociedade egípcia, além de ser reconhecido como um deus. O poder dos faraós era transmitido hereditariamente, portanto não havia nenhum processo de escolha ou votação para colocá-lo no poder. O faraó e sua família eram muito ricos, pois ficavam com boa parte dos impostos recolhidos entre o povo. A família real vivia de forma luxuosa em grandes palácios. Ainda em vida, ordenava a construção da pirâmide que iria abrigar seu corpo mumificado e seus tesouros após a morte. Sacerdotes - Na escala de poder estavam abaixo somente do faraó. Eram responsáveis pelos rituais, festas e atividades religiosas no Antigo Egito. Conheciam muito bem as características e funções dos deuses egípcios. Comandavam os templos e os rituais após a morte do faraó. Alguns sacerdotes foram mumificados e seus corpos colocados em pirâmides, após a morte
Militares - Os chefes militares eram os responsáveis pela segurança do território egípcio. Em momentos de guerra ganhavam destaque na sociedade. Tinham que preparar e organizar o exército de forma eficiente, pois uma derrota ou fracasso podia lhes custar à própria vida.
Escribas - Eram os responsáveis pela escrita egípcia (hieroglífica e demótica). Registravam os acontecimentos e, principalmente, a vida do faraó. Escreviam no papiro (papel feito de fibras da planta papiro), nas paredes das pirâmides ou em placas de barro ou pedra. Os escribas também controlavam e registravam os impostos cobrados pelo faraó.
Povo Egípcio - Mais da metade da sociedade egípcia era formada por comerciantes, artesãos, lavradores e pastores. Trabalhavam muito para ganhar o suficiente para a manutenção da vida. Podiam ser convocados pelo faraó para trabalharem, sem receber salários, em obras públicas (diques, represas, palácios, templos).
Escravos - Geralmente eram os inimigos capturados em guerras de conquista. Trabalhavam muito e não recebiam salário. Ganhavam apenas roupas velhas e alimentos para a sobrevivência. Eram constantemente castigados como forma de punição. Eram desprezados pela sociedade e não possuíam direitos.
Escribas - Eram os responsáveis pela escrita egípcia (hieroglífica e demótica). Registravam os acontecimentos e, principalmente, a vida do faraó. Escreviam no papiro (papel feito de fibras da planta papiro), nas paredes das pirâmides ou em placas de barro ou pedra. Os escribas também controlavam e registravam os impostos cobrados pelo faraó.
Povo Egípcio - Mais da metade da sociedade egípcia era formada por comerciantes, artesãos, lavradores e pastores. Trabalhavam muito para ganhar o suficiente para a manutenção da vida. Podiam ser convocados pelo faraó para trabalharem, sem receber salários, em obras públicas (diques, represas, palácios, templos).
Escravos - Geralmente eram os inimigos capturados em guerras de conquista. Trabalhavam muito e não recebiam salário. Ganhavam apenas roupas velhas e alimentos para a sobrevivência. Eram constantemente castigados como forma de punição. Eram desprezados pela sociedade e não possuíam direitos.
As pirâmides
Elas foram construídas há mais de 2500 anos e resistem até hoje. No Antigo Egito foram construídas cerca de 80 pirâmides. As mais conhecidas são a pirâmide de degraus (Djezer), em Sakara, as três pirâmides de Snefer, a pirâmide Mediun, a pirâmide Romboidal e a pirâmide Vermelha, mas as mais conhecidas são A Grande Pirâmide de Keops (ou Kufu), de Quefrem e de Mikerinos, em Gizé.
Os egípcios acreditavam que quando se era enterrado numa pirâmide, subiria até ao céu e se juntaria aos deuses. Todas as pirâmides foram construídas no lado oeste do Rio Nilo, onde o sol se põe. Para eles a pirâmide significava raios do deus Rá que era o deus sol.
As pirâmides de Gizé tem aproximadamente 4500 anos de idade. A primeira pirâmide construída, a pirâmide de Djezer, não é muito mais velha que isso, apenas uns 100 anos. A primeira pirâmide construída em Gizé e a maior pirâmide já construída no Egito
Depois do Antigo Império os egípcios param de construir pirâmides e se enterravam em túmulos, como o túmulo do Rei Tut. Eles viram que não valia muito à pena construir as pirâmides porque eram um alvo irresistível aos saqueadores de túmulos. Cercadas de mistérios, despertam interesse de historiadores, arqueólogos e estudiosos de civilizações antigas.
No Egito Antigo a religião seguida era politeísta, pois os egípcios acreditavam em vários deuses. Acreditavam também na vida após a morte e, portanto, conservar o corpo e os pertences para a outra vida era uma preocupação. Mas somente os faraós e alguns sacerdotes tinham condições econômicas de criarem sistemas de preservação do corpo, através do processo de mumificação.
A pirâmide tinha a função abrigar e proteger o corpo do faraó mumificado e seus pertences (jóias, objetos pessoais e outros bens materiais) dos saqueadores de túmulos. Logo, estas construções tinham de ser bem resistentes, protegidas e de difícil acesso. As pirâmides continham armadilhas e acessos falsos dentro das construções. Tudo para que o corpo mumificado do faraó e seus pertences não fossem acessados.
As pirâmides foram construídas numa época em que os faraós exerciam máximo poder político, social e econômico no Egito Antigo. Quanto maior a pirâmide, maior seu poder e glória. Por isso, os faraós se preocupavam com a grandeza destas construções. Elas eram construídas com blocos de pedras que chegavam a pesar até duas toneladas. Para serem finalizadas, demoravam, muitas vezes, mais de 20 anos. Desta forma, ainda em vida, o faraó começava a planejar e executar a construção da pirâmide.
A matemática foi muito empregada na construção das pirâmides. Conhecedores desta ciência, os arquitetos planejavam as construções de forma a obter o máximo de perfeição possível Elas possuem inscrições hieroglíficas, contando a vida do faraó ou trazendo orações para que os deuses soubessem dos feitos realizados pelo governante.
As pirâmides foram construídas numa época em que os faraós exerciam máximo poder político, social e econômico no Egito Antigo. Quanto maior a pirâmide, maior seu poder e glória. Por isso, os faraós se preocupavam com a grandeza destas construções. Elas eram construídas com blocos de pedras que chegavam a pesar até duas toneladas. Para serem finalizadas, demoravam, muitas vezes, mais de 20 anos. Desta forma, ainda em vida, o faraó começava a planejar e executar a construção da pirâmide.
A matemática foi muito empregada na construção das pirâmides. Conhecedores desta ciência, os arquitetos planejavam as construções de forma a obter o máximo de perfeição possível Elas possuem inscrições hieroglíficas, contando a vida do faraó ou trazendo orações para que os deuses soubessem dos feitos realizados pelo governante.
FONTES
http://www.geocities.com/athens/Marble/4341/egito-antigo.html
http://www.professordehistoria.com/resumos/egito.htm
http://www.suapesquisa.com/historia/piramides/
Professor Paulo
Li os assuntos nos sites e fiz um resumo. Espero que agora esteja correto.
Obrigado
Bruno José Palhares
1B - número 3
http://www.professordehistoria.com/resumos/egito.htm
http://www.suapesquisa.com/historia/piramides/
Professor Paulo
Li os assuntos nos sites e fiz um resumo. Espero que agora esteja correto.
Obrigado
Bruno José Palhares
1B - número 3
ESQUEMA : ESPARTA - CONTRIBUIÇÃO DA ALUNA MARIA EDUARDA 1B
CLICK NO LINK E SALVE EM SEU PC MAIS INFORMAÇÕES SOBRE ESPARTA, CONTRIBUIÇÃO DO ALUNO GLAÚBER:
1.ESPARTA - características gerais:
· Uma das principais pólis
· Localização: Sudeste da Península do Peloponeso
· Fundada pelos dórios (século IX a.C.)
· Ampliação territorial – aumento populacional
· Liga do Peloponeso (militares)
· Argos – povos rivais
· Guerras Médicas (contra os persas)
· União: entre Atenas e outras cidades
· Guerra do Peloponeso (Atenas x Esparta) – vitória espartana
· Uma das principais pólis
· Localização: Sudeste da Península do Peloponeso
· Fundada pelos dórios (século IX a.C.)
· Ampliação territorial – aumento populacional
· Liga do Peloponeso (militares)
· Argos – povos rivais
· Guerras Médicas (contra os persas)
· União: entre Atenas e outras cidades
· Guerra do Peloponeso (Atenas x Esparta) – vitória espartana
2.SOCIEDADE ESPARTANA
Estamental (dividida em camadas sociais)
a) Esparciatas: cidadãos espartanos (políticos, integrantes do exército e ricos proprietários de terras)
b) Periecos: pequenos comerciantes e artesãos (não possuíam direitos políticos)
c) Hilotas: miseráveis (trabalhando quase de graça as terras dos esparciatas)
3.EDUCAÇÃO ESPARTANA
· Princípio: formação de bons soldados para abastecer o exército da pólis
· Vida militar (prática de exercícios físicos e treinamentos) entre homens e mulheres.
· Aos sete anos: (homens) eram enviados pelos pais ao exército
· Aos trinta anos: (homens) - se tornava um oficial e ganhava direitos políticos
4.POLÍTICA ESPARTANA
a) Reis (DIARQUIA): militares e religiosos (vários privilégios)
b) Assembléia: cidadãos que tomavam decisões políticas (aprovavam ou rejeitavam as leis)
c) Gerúsia: vinte e oito gerontes (cidadãos com mais de sessenta anos) e reis – elaboravam as leis
a) Reis (DIARQUIA): militares e religiosos (vários privilégios)
b) Assembléia: cidadãos que tomavam decisões políticas (aprovavam ou rejeitavam as leis)
c) Gerúsia: vinte e oito gerontes (cidadãos com mais de sessenta anos) e reis – elaboravam as leis
d) Éforos: cinco cidadãos de diversos poderes administrativos (militares, judiciais e políticos) – chefes de governo.
SOCIOLOGIA 2C - TEXTO DE APOIO - DURKHEIM
Durkheim Propõe uma Teoria do Fato Social
Por sua vez, E. Durkheim, em Da Divisão do Trabalho Social, de 1893, coloca duas questões sobre as relações entre os indivíduos e a coletividade:
· como pode um conjunto de indivíduos constituírem uma sociedade?
· como este conjunto de indivíduos consegue obter um consenso para a convivência?
Segundo Durkheim, duas formas de solidariedade social podem ser constatadas: a solidariedade mecânica, típica das sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciam. Reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. E a solidariedade orgânica, característica das sociedades capitalistas, onde, através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições etc. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e necessários, como os órgãos de um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.
Algumas idéias fundamentais decorrem desta análise, como o conceito de consciência coletiva: "O conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesma sociedade, forma um sistema determinado que tenha sua vida própria; podemos chamá-la de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas nem por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade distinta. Com efeito, ela é independente das condições particulares em que se situam os indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada geração, mas ao contrário liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, embora de outra maneira"
Nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica a consciência coletiva abrange a maior parte dos membros desta sociedade. Nas sociedades dominadas pela solidariedade orgânica há uma redução desta consciência coletiva porque os indivíduos são diferenciados. Por isso, nestas últimas, em oposição as primeiras, ocorre um enfraquecimento das reações coletivas contra a violação das proibições sociais e há, especialmente, uma margem maior na interpretação individual dos imperativos sociais.
Durkheim defende também o primado da sociedade sobre o indivíduo:
· as sociedades têm prioridade histórica sobre os indivíduos
· as sociedades têm prioridade lógica sobre os indivíduos, porque se a solidariedade mecânica precede a solidariedade orgânica, não se pode explicar a diferenciação social a partir dos indivíduos, pois a consciência de individualidade não pode existir antes da solidariedade orgânica e da divisão do trabalho social.
Daí que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade, e não a coletividade pelos fenômenos individuais. Donde a divisão do trabalho ser um fenômeno social que só pode ser explicado por outro fenômeno social, como a combinação do volume, densidade material e moral de uma sociedade, sendo que o único grupo social que pode proporcionar a integração dos indivíduos na coletividade é a corporação profissional.
Em outra importante obra, publicada em 1912, As Formas Elementares da Vida Religiosa, E. Durkheim propõe a elaboração de uma teoria geral da religião fundamentada nas formas mais simples e primitivas das instituições religiosas. Durkheim acredita, assim, que se possa apreender a essência de um fenômeno social observando suas formas mais elementares. Por isso parte do estudo do totemismo nas tribos australianas, chegando à conclusão de que os homens adoram uma realidade que os ultrapassa, que sobrevive a eles, mas que esta realidade é a própria sociedade sacralizada como força superior. Nem as forças naturais, nem os espíritos, nem as almas são sagradas por si mesmas. Só a sociedade é uma realidade sagrada por si mesma. Pertence à ordem da natureza, mas a ultrapassa. É ao mesmo tempo causa do fenômeno religioso e justificativo da distinção entre sagrado e profano. Para Durkheim, qualquer crença ou prática religiosa é semelhante às práticas totêmicas.
Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica: "De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus, com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos, como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.
Todavia, se a sociedade só obtivesse de nós essas concessões e esses sacrifícios por imposição material, não poderia despertar em nós senão a idéia de força física à qual devemos ceder por necessidade, e não a idéia de força moral do gênero das que as religiões adoram. Mas na realidade, o domínio que ela exerce sobre as consciências vincula-se muito menos à supremacia física de que tem o privilégio do que à autoridade moral de que está investida. “Se nos submetemos às suas ordens, não é simplesmente porque está armada de maneira a triunfar das nossas resistências, é, antes de tudo, porque constitui o objeto de autêntico respeito”
Em As Regras do Método Sociológico, de 1895, Durkheim propõe com sua sociologia formular uma teoria do fato social, demonstrando que pode haver uma ciência sociológica objetiva e científica, como nas ciências físico-matemáticas.
Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e explicado, como se faz nas ciências.
Daí duas outras importantes afirmações de Durkheim:
· os fatos sociais devem ser considerados como coisas
· os fatos sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos.
E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais".
E na conclusão deste mesmo livro resume as características deste método sociológico: "Em primeiro lugar, é independente de qualquer filosofia (...). Em segundo lugar, o nosso método é objetivo. É totalmente dominado pela idéia de que os fatos sociais são coisas e devem ser tratados como tais (...). Mas, se consideramos os fatos sociais como coisas, consideramo-los como coisas sociais. A terceira característica do nosso método é ser exclusivamente sociológico (...) Mostramos que um fato social só pode ser explicado por outro fato social e, simultaneamente, como este tipo de explicação é possível assinalando no meio social interno o motor principal da evolução coletiva (...) Tais nos parecem ser os princípios do método sociológico
Por sua vez, E. Durkheim, em Da Divisão do Trabalho Social, de 1893, coloca duas questões sobre as relações entre os indivíduos e a coletividade:
· como pode um conjunto de indivíduos constituírem uma sociedade?
· como este conjunto de indivíduos consegue obter um consenso para a convivência?
Segundo Durkheim, duas formas de solidariedade social podem ser constatadas: a solidariedade mecânica, típica das sociedades pré-capitalistas, onde os indivíduos se identificam através da família, da religião, da tradição, dos costumes. É uma sociedade que tem coerência porque os indivíduos ainda não se diferenciam. Reconhecem os mesmos valores, os mesmos sentimentos, os mesmos objetos sagrados, porque pertencem a uma coletividade. E a solidariedade orgânica, característica das sociedades capitalistas, onde, através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a união social, mas não pelos costumes, tradições etc. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e necessários, como os órgãos de um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é o aumento da produtividade, mas a solidariedade que gera entre os homens.
Algumas idéias fundamentais decorrem desta análise, como o conceito de consciência coletiva: "O conjunto de crenças e de sentimentos comuns entre os membros de uma mesma sociedade, forma um sistema determinado que tenha sua vida própria; podemos chamá-la de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem como substrato um órgão único; é, por definição, difusa, ocupando toda a extensão da sociedade; mas nem por isso deixa de ter características específicas, que a tornam uma realidade distinta. Com efeito, ela é independente das condições particulares em que se situam os indivíduos. Estes passam, ela fica. É a mesma no Norte e no Sul, nas grandes e nas pequenas cidades, nas diferentes profissões. Por outro lado, não muda em cada geração, mas ao contrário liga as gerações que se sucedem. Portanto, não se confunde com as consciências particulares, embora se realize apenas nos indivíduos. É o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, condições de existência, seu modo de desenvolvimento, exatamente como os tipos individuais, embora de outra maneira"
Nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica a consciência coletiva abrange a maior parte dos membros desta sociedade. Nas sociedades dominadas pela solidariedade orgânica há uma redução desta consciência coletiva porque os indivíduos são diferenciados. Por isso, nestas últimas, em oposição as primeiras, ocorre um enfraquecimento das reações coletivas contra a violação das proibições sociais e há, especialmente, uma margem maior na interpretação individual dos imperativos sociais.
Durkheim defende também o primado da sociedade sobre o indivíduo:
· as sociedades têm prioridade histórica sobre os indivíduos
· as sociedades têm prioridade lógica sobre os indivíduos, porque se a solidariedade mecânica precede a solidariedade orgânica, não se pode explicar a diferenciação social a partir dos indivíduos, pois a consciência de individualidade não pode existir antes da solidariedade orgânica e da divisão do trabalho social.
Daí que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade, e não a coletividade pelos fenômenos individuais. Donde a divisão do trabalho ser um fenômeno social que só pode ser explicado por outro fenômeno social, como a combinação do volume, densidade material e moral de uma sociedade, sendo que o único grupo social que pode proporcionar a integração dos indivíduos na coletividade é a corporação profissional.
Em outra importante obra, publicada em 1912, As Formas Elementares da Vida Religiosa, E. Durkheim propõe a elaboração de uma teoria geral da religião fundamentada nas formas mais simples e primitivas das instituições religiosas. Durkheim acredita, assim, que se possa apreender a essência de um fenômeno social observando suas formas mais elementares. Por isso parte do estudo do totemismo nas tribos australianas, chegando à conclusão de que os homens adoram uma realidade que os ultrapassa, que sobrevive a eles, mas que esta realidade é a própria sociedade sacralizada como força superior. Nem as forças naturais, nem os espíritos, nem as almas são sagradas por si mesmas. Só a sociedade é uma realidade sagrada por si mesma. Pertence à ordem da natureza, mas a ultrapassa. É ao mesmo tempo causa do fenômeno religioso e justificativo da distinção entre sagrado e profano. Para Durkheim, qualquer crença ou prática religiosa é semelhante às práticas totêmicas.
Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica: "De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus, com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos, como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.
Todavia, se a sociedade só obtivesse de nós essas concessões e esses sacrifícios por imposição material, não poderia despertar em nós senão a idéia de força física à qual devemos ceder por necessidade, e não a idéia de força moral do gênero das que as religiões adoram. Mas na realidade, o domínio que ela exerce sobre as consciências vincula-se muito menos à supremacia física de que tem o privilégio do que à autoridade moral de que está investida. “Se nos submetemos às suas ordens, não é simplesmente porque está armada de maneira a triunfar das nossas resistências, é, antes de tudo, porque constitui o objeto de autêntico respeito”
Em As Regras do Método Sociológico, de 1895, Durkheim propõe com sua sociologia formular uma teoria do fato social, demonstrando que pode haver uma ciência sociológica objetiva e científica, como nas ciências físico-matemáticas.
Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e explicado, como se faz nas ciências.
Daí duas outras importantes afirmações de Durkheim:
· os fatos sociais devem ser considerados como coisas
· os fatos sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos.
E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais".
E na conclusão deste mesmo livro resume as características deste método sociológico: "Em primeiro lugar, é independente de qualquer filosofia (...). Em segundo lugar, o nosso método é objetivo. É totalmente dominado pela idéia de que os fatos sociais são coisas e devem ser tratados como tais (...). Mas, se consideramos os fatos sociais como coisas, consideramo-los como coisas sociais. A terceira característica do nosso método é ser exclusivamente sociológico (...) Mostramos que um fato social só pode ser explicado por outro fato social e, simultaneamente, como este tipo de explicação é possível assinalando no meio social interno o motor principal da evolução coletiva (...) Tais nos parecem ser os princípios do método sociológico
ESPARTA E A EDUCAÇÃO - O código licúrgico
VOLTAIRE SCHILLING
ANTES DE LER ESSE TEXTO ASSISTA A ESSE VÍDEO:
ANTES DE LER ESSE TEXTO ASSISTA A ESSE VÍDEO:
http://www.youtube.com/watch?v=UL_bx_r4Doo&feature=related
Acredita-se, na verdade, que o código licúrgico, tanto no político como no educacional, resultou de uma gradativa adaptação dos espartanos às circunstâncias crescentemente adversas. Quanto maior era a resistência a eles na região onde viviam, na Lacedemônia, conhecida por suas sucessivas rebeliões e amotinamentos, mais os espartanos enrijeciam-se, mais militarizada tornava-se a maneira deles viverem Enquanto as demais polis gregas passavam por várias e diversificadas experiências institucionais e por diversos regimes políticos, tais como a oligarquia, a tirania e a democracia, Esparta aferrou-se num sistema de castas militarizadas e disciplinadas, dominado superiormente pelos espartacitas, a quem vedavam qualquer atividade que não fosse exclusivamente as lides castrenses, tendo os periecos como uma classe de colaboracionistas, ajudando-os na ocupação ou fazendo o papel de intermediários entre eles e os servos, e, no escalão bem inferior, os hilotas, os escravos da comunidade. Platão, num certo momento, definiu-a como uma timocracia, isto é governada pela coragem.
A Agogê, a educação espartana
Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos aplicavam para a educação já dizia tudo: agogê (agoge), isto é, “adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para a domesticação dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar soldados educados no rigor para defender a coletividade. Assim sendo, temos que entendê-la como um serviço militar estendido à infância e à adolescência. Sabe-se que a criança até os sete anos de idade era mantida com a mãe, mas a partir dos 8 anos enviavam-na para participar de uma espécie de bando que era criado ao ar livre, um tanto que ao deus-dará, onde terminavam padecendo sob um regime de permanente escassez alimentar para que desenvolvessem a astúcia e o engenho para conseguir uma ração suplementar. Adestramento muito similar ao que hoje é feito entre os regimentos especiais de combate contra-insurgente ou dos batalhões da floresta.
Castigos físicos
Admitiam, pois o ardil e o roubo como artifícios válidos na formação das suas crianças e dos seus jovens. Pegos em flagrante, no entanto, ministravam-lhes castigos violentíssimos, sendo submetidos à chiamastigosis (chiamastigosis), às suplicantes provas de flagelação pública.Dos 12 aos 15 anos instruíam-nos nas letras e nos cálculos e, naturalmente, no canto de hinos patrióticos do poeta Tirteu que ressaltavam a bravura e a coragem destemida. Na etapa final, entre os 16 e 20 anos, quando denominados de eirén (eiren), um pouco antes de entrarem no serviço da pátria, eram adestrados nas armas, na luta com lanças e espadas, no arco e flecha. Então aumentavam-lhes a carga dos exercícios e a participação de operações militares simuladas nas montanhas ao redor da polis. Como observou Plutarco, o objetivo era de que sempre andassem “como as abelhas que sempre são partes integrantes da comunidade, sempre juntas ao redor do chefe... parecendo consagradas inteiramente à pátria.” Cultivando a excelência da força física, que fazia com que Esparta quase sempre arrebatasse os louros nos jogos olímpicos, atuavam em bandos liderados por um proteiras, um líder de esquadra, uma espécie de sargento instrutor, que lhes ensinava as táticas da arte da sobrevivência. A essa altura do agogê, perfilava-se o que Esparta desejava do seu jovem: silencioso, disciplinado, antiintelectual e antiindividualista, obediente aos superiores, vigoroso, ágil, astuto, imune ao medo, resistente às intempéries e aos ferimentos, odiando qualquer demonstração de covardia, fiel ao esprit de corps e fanaticamente dedicado à cidade.
O cultivo da coragem
Platão, ao comentar a educação espartana, observou que sua principal falha era exatamente a ênfase excessiva nos exercícios físicos, conquanto que a boa educação resultava de um composto da ginástica e da música, aqui entendida como a educação humanística em geral. Além disso, a obsessão militarista impedia-os de saberem conduzir-se em tempos de paz e mesmo em administrar sociedades conquistadas por eles que não tinham os mesmos valores deles. A ausência de elasticidade os fazia perder. A crítica maior, porém, dirigem-se ao objetivo final disso tudo que era a de desenvolver exclusivamente a coragem (thimos). O jovem, transformado num menino-soldado, não teria receio de nada que envolvesse as artes militares, as manobras em campos de batalha ou as ameaças dos inimigos da coletividade. A coragem, antes de tudo, era uma obsessão espartana. Por conseqüência não apreciavam nenhum tipo de tolerância, nem desenvolveram sensibilidades outras que os tornassem mais humanos e cordatosEsparta e a educação - Intolerância
Qualquer fraqueza demonstrada era vista como pusilanimidade, algo veemente repelido do seio daquela sociedade. Para corrigir eventuais defeitos de comportamento e possíveis hesitações, os instrutores recorriam à sinistra presença do mastigáphoroi (mastigaphoroi), o “portador do látego”, encarregado em aplicar chibatadas e suplícios outros que eram estendidos inclusive às mulheres, paradoxalmente consideradas as mais livres e as mais endurecidas da Grécia Antiga.A fim de dotar de coragem os seus infantes, os legisladores espartanos criaram a críptia (kryptia), um “esquadrão de extermínio”, que estimulava os jovens selecionados a caçarem, sozinhos ou em grupos, os hilotas, os escravos que por acaso andassem desgarrados ou que, de alguma forma, representassem pelo seu vigor físico uma ameaça à segurança deles. Localizados, eram vitimados pela espada ou pela lança, armas que o bando de jovens sempre traziam consigo. Na verdade, as operações da críptia não passavam de assassinatos legitimados. Foi essa liberalidade homicida, este direito dos mais forte matarem a quem bem entendessem, que fez com que dissessem que os “espartanos livres eram completamente livres, e os escravos, escravos até os limites.”
Influências
Tal sistema educacional, na verdade um adestramento para as armas, graças ao seu conservadorismo e tradicionalismo, que se somavam a uma ausência de crítica e à completa cegueira patriótica, fez as delícias dos pensadores aristocratas da Grécia Antiga, que tomaram-no como um regime perfeito, um modelo ( arkê) a ser seguido por todos.. Modernamente, os regimes fascistas e nazista abertamente nele se inspiraram para a montagem das balilas fascistas e da Hitlerjügen, a juventude hitlerista nacional-socialista, nos anos 20 e 30 do século XX. Até mesmo Rousseau, identificado como o mentor da pedagogia liberal dos nossos tempos, não se poupou em render homenagens ao agogê por estimular o ardor patriótico e a valorização da coletividade bem acima do interesse privado.Mas também se projetou, num sentido bem mais amplo, por outra razão: a defesa da idéia básica de que a educação era um assunto de interesse coletivo e que não havia ninguém melhor do que o Estado para promovê-la. Ele era o único instrumento coletivo capaz de poder integrar ou sublimar as vocações privadas, submetendo-as ao bem geral. Essa era a admiração maior que Platão devotou ao sistema educacional espartano, cujo modelo não se encerrará apenas nas preferências do filósofo, mas também renascerá com toda a força no Iluminismo , no século XVIII. A partir de então, a educação estatizada, pública e gratuita, tornou-se moeda corrente em todos as políticas educacionais modernas, não importando qual a sua ideologia.
Acredita-se, na verdade, que o código licúrgico, tanto no político como no educacional, resultou de uma gradativa adaptação dos espartanos às circunstâncias crescentemente adversas. Quanto maior era a resistência a eles na região onde viviam, na Lacedemônia, conhecida por suas sucessivas rebeliões e amotinamentos, mais os espartanos enrijeciam-se, mais militarizada tornava-se a maneira deles viverem Enquanto as demais polis gregas passavam por várias e diversificadas experiências institucionais e por diversos regimes políticos, tais como a oligarquia, a tirania e a democracia, Esparta aferrou-se num sistema de castas militarizadas e disciplinadas, dominado superiormente pelos espartacitas, a quem vedavam qualquer atividade que não fosse exclusivamente as lides castrenses, tendo os periecos como uma classe de colaboracionistas, ajudando-os na ocupação ou fazendo o papel de intermediários entre eles e os servos, e, no escalão bem inferior, os hilotas, os escravos da comunidade. Platão, num certo momento, definiu-a como uma timocracia, isto é governada pela coragem.
A Agogê, a educação espartana
Em seu próprio significado, a palavra que os espartanos aplicavam para a educação já dizia tudo: agogê (agoge), isto é, “adestramento”, “treinamento”. Viam-na como um recurso para a domesticação dos seus jovens. O objetivo maior dela era formar soldados educados no rigor para defender a coletividade. Assim sendo, temos que entendê-la como um serviço militar estendido à infância e à adolescência. Sabe-se que a criança até os sete anos de idade era mantida com a mãe, mas a partir dos 8 anos enviavam-na para participar de uma espécie de bando que era criado ao ar livre, um tanto que ao deus-dará, onde terminavam padecendo sob um regime de permanente escassez alimentar para que desenvolvessem a astúcia e o engenho para conseguir uma ração suplementar. Adestramento muito similar ao que hoje é feito entre os regimentos especiais de combate contra-insurgente ou dos batalhões da floresta.
Castigos físicos
Admitiam, pois o ardil e o roubo como artifícios válidos na formação das suas crianças e dos seus jovens. Pegos em flagrante, no entanto, ministravam-lhes castigos violentíssimos, sendo submetidos à chiamastigosis (chiamastigosis), às suplicantes provas de flagelação pública.Dos 12 aos 15 anos instruíam-nos nas letras e nos cálculos e, naturalmente, no canto de hinos patrióticos do poeta Tirteu que ressaltavam a bravura e a coragem destemida. Na etapa final, entre os 16 e 20 anos, quando denominados de eirén (eiren), um pouco antes de entrarem no serviço da pátria, eram adestrados nas armas, na luta com lanças e espadas, no arco e flecha. Então aumentavam-lhes a carga dos exercícios e a participação de operações militares simuladas nas montanhas ao redor da polis. Como observou Plutarco, o objetivo era de que sempre andassem “como as abelhas que sempre são partes integrantes da comunidade, sempre juntas ao redor do chefe... parecendo consagradas inteiramente à pátria.” Cultivando a excelência da força física, que fazia com que Esparta quase sempre arrebatasse os louros nos jogos olímpicos, atuavam em bandos liderados por um proteiras, um líder de esquadra, uma espécie de sargento instrutor, que lhes ensinava as táticas da arte da sobrevivência. A essa altura do agogê, perfilava-se o que Esparta desejava do seu jovem: silencioso, disciplinado, antiintelectual e antiindividualista, obediente aos superiores, vigoroso, ágil, astuto, imune ao medo, resistente às intempéries e aos ferimentos, odiando qualquer demonstração de covardia, fiel ao esprit de corps e fanaticamente dedicado à cidade.
O cultivo da coragem
Platão, ao comentar a educação espartana, observou que sua principal falha era exatamente a ênfase excessiva nos exercícios físicos, conquanto que a boa educação resultava de um composto da ginástica e da música, aqui entendida como a educação humanística em geral. Além disso, a obsessão militarista impedia-os de saberem conduzir-se em tempos de paz e mesmo em administrar sociedades conquistadas por eles que não tinham os mesmos valores deles. A ausência de elasticidade os fazia perder. A crítica maior, porém, dirigem-se ao objetivo final disso tudo que era a de desenvolver exclusivamente a coragem (thimos). O jovem, transformado num menino-soldado, não teria receio de nada que envolvesse as artes militares, as manobras em campos de batalha ou as ameaças dos inimigos da coletividade. A coragem, antes de tudo, era uma obsessão espartana. Por conseqüência não apreciavam nenhum tipo de tolerância, nem desenvolveram sensibilidades outras que os tornassem mais humanos e cordatosEsparta e a educação - Intolerância
Qualquer fraqueza demonstrada era vista como pusilanimidade, algo veemente repelido do seio daquela sociedade. Para corrigir eventuais defeitos de comportamento e possíveis hesitações, os instrutores recorriam à sinistra presença do mastigáphoroi (mastigaphoroi), o “portador do látego”, encarregado em aplicar chibatadas e suplícios outros que eram estendidos inclusive às mulheres, paradoxalmente consideradas as mais livres e as mais endurecidas da Grécia Antiga.A fim de dotar de coragem os seus infantes, os legisladores espartanos criaram a críptia (kryptia), um “esquadrão de extermínio”, que estimulava os jovens selecionados a caçarem, sozinhos ou em grupos, os hilotas, os escravos que por acaso andassem desgarrados ou que, de alguma forma, representassem pelo seu vigor físico uma ameaça à segurança deles. Localizados, eram vitimados pela espada ou pela lança, armas que o bando de jovens sempre traziam consigo. Na verdade, as operações da críptia não passavam de assassinatos legitimados. Foi essa liberalidade homicida, este direito dos mais forte matarem a quem bem entendessem, que fez com que dissessem que os “espartanos livres eram completamente livres, e os escravos, escravos até os limites.”
Influências
Tal sistema educacional, na verdade um adestramento para as armas, graças ao seu conservadorismo e tradicionalismo, que se somavam a uma ausência de crítica e à completa cegueira patriótica, fez as delícias dos pensadores aristocratas da Grécia Antiga, que tomaram-no como um regime perfeito, um modelo ( arkê) a ser seguido por todos.. Modernamente, os regimes fascistas e nazista abertamente nele se inspiraram para a montagem das balilas fascistas e da Hitlerjügen, a juventude hitlerista nacional-socialista, nos anos 20 e 30 do século XX. Até mesmo Rousseau, identificado como o mentor da pedagogia liberal dos nossos tempos, não se poupou em render homenagens ao agogê por estimular o ardor patriótico e a valorização da coletividade bem acima do interesse privado.Mas também se projetou, num sentido bem mais amplo, por outra razão: a defesa da idéia básica de que a educação era um assunto de interesse coletivo e que não havia ninguém melhor do que o Estado para promovê-la. Ele era o único instrumento coletivo capaz de poder integrar ou sublimar as vocações privadas, submetendo-as ao bem geral. Essa era a admiração maior que Platão devotou ao sistema educacional espartano, cujo modelo não se encerrará apenas nas preferências do filósofo, mas também renascerá com toda a força no Iluminismo , no século XVIII. A partir de então, a educação estatizada, pública e gratuita, tornou-se moeda corrente em todos as políticas educacionais modernas, não importando qual a sua ideologia.
2A,2B E 2C :GRITO DO IPIRANGA OU GRITO DOS EXCLUÍDOS?: MOMENTO DE REFLEXÃO
ESTUDAMOS O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL E O "FAMOSO GRITO DO IPIRANGA". AGORA É HORA DE CONHECERMOS UM GRITO QUE SE ENCONTRA ABAFADO MAS PRECISA GANHAR FORÇAS PARA MUDAR NOSSA SOCIEDADE.
GRITO DOS EXCLUÍDOS (Elementos de Reflexão)
CNBB
O Grito dos Excluídos não é um evento localizado no tempo e no espaço. Trata-se, antes, de um conjunto de atividades que convergem para uma determinada data de mobilização geral: o chamado "dia do Grito". Este, no Brasil, ocorre a 7 de setembro; na América Latina, a 12 de outubro. Uma série de manifestações precedem ou dão continuidade a esse dia, no sentido de priorizar não apenas o conteúdo do evento, mas sobretudo o processo e a medodologia de preparação e participação. No Brasil, o Grito dos Excluídos tem início em 1995. Na América Latina, pela primeira vez, em 1999. Depois de cinco anos de história, podemos apontar algumas constantes ou aquisições de fundo, as quais têm estado presentes em sua elaboração e organização. A primeira, é a constatação de que grande parte da população brasileira, e de todos os países do continente latino-americano, vem sendo cada vez mais excluída dos benefícios do desenvolvimento tecnológico e econômico.Essa exclusão cresce e se aprofunda de ano para ano, negando à maioria do povo os direitos fundamentais à vida, ou seja, o direito a uma real e justa cidadania. É o que tem sido chamado de "apartheid social". Diante dessa exclusão, o Grito faz a denúncia do modelo neoliberal globalizado e do sistema financeiro internacional, cujo único interesse é maximizar os lucros, esquecendo a situação de fome e miséria de milhões de pessoas espalhadas por todo o planeta, especialmente no Terceiro Mundo. A denúncia atinge igualmente as elites nacionais, as quais, por se beneficiar do status quo, subordinam a economia e a política aos credores internacionais (FMI, Banco Mundial e outros), comprometendo inclusive a soberania nacional, sem qualquer atenção às reais necessidades dos países. Mas a denúncia não basta. Ela é seguida de um anúncio explícito, o qual, consciente de que esse modelo econômico é insustentável, luta por uma nova sociedade em que a política e a economia estejam submetidas a imperativos éticos. Estes devem ter a preocupação de priorizar uma reforma agrária e agrícola eficaz, a educação, a saúde, a moradia, o trabalho e o salário justo para todos, a defesa das terras indígenas, o incentivo à produção familiar e comunitária, a garantia das leis trabalhistas, o respeito ao meio ambiente, o lazer - enfim, uma sociedade onde todos se sintam devidamente integrados como verdadeiros cidadãos. Para isso, é necessário uma parceria ampla e plural de todas as forças vivas da sociedade, num esforço que vai desde elaboração e a preparação do Grito dos Excluídos até a participação no mesmo. No fundo, trata-se de um evento construído num grande "mutirão", nacional e continental, onde todos são chamados ao protesto e à luta.Essa parceria procura não excluir nenhum dos atores interessados na transformação efetiva da sociedade.Chega-se, assim, ao Grito propriamente dito. O que é? Antes de tudo, uma dor secular e sufocada que se levanta do chão. Dor que se transforma em protesto, cria asas e se lança no ar. De ponta a ponta do país ou do continente, o povo solta ao vento o seu clamor, longamente silencioso e silenciado. É um grito que ganha os ares, entra pelas portas e janelas, toma os espaços. Tem como objetivo unificar todos os gritos presos em milhões de gargantas, desinstalar os acomodados, ferir os ouvidos dos responsáveis pela exclusão e conclamar todos à organização e à luta. É o grito dos empobrecidos, dos indefesos, dos pequenos, dos sem vez e sem voz, dos enfraquecidos - numa palavra, o grito dos excluídos! O Grito aponta os erros e os crimes desse modelo excludente, sem dúvida, mas ele quer ser propositvo. Trata-se de buscar formas concretas de ação popular, no sentido de contribuir para a transformação da sociedade, de construir um desenvolvimento econômico participativo e sustentável, respeitando a vida e a natureza. Aqui é preciso apoiar as iniciativas populares, respeitar as diferenças de soluções abertas e plurais, fortalecer as organizações de base e as mais variadas formas de luta. Lembrar, antes de mais nada, que os povos latino-americanos têm em sua história uma imensa fonte de resistência, uma memória viva, criativa e ativa na busca de novas alternativas. Por fim, mas não em último lugar, procura-se garantir o protagonismo dos excluídos. A partir das bases, eles são chamados a participar ativamente da preparação das atividades em torno do Grito. Além disso, são eles os "donos da palavra". Assim, no dia do Grito, os microfones não são loteados pelas entidades de apoio, nem por lideranças sindicais ou políticas. Elas são sempre bem vindas, é claro, mas como retaguarda e garantia à voz dos excluídos. A palavra e o grito permanecem abertos aos interesses reais dos próprios excluídos. O Grito, em seus primeiros cinco anos, sinaliza para uma nova forma de organização dos excluídos.Caracteriza-se pelo envolvimento dos mesmos ao longo de todo o processo, seja na produção do conhecimento relativo à exclusão social, seja nas formas de organização e de mobilização. É importante destacar a criatividade dos grupos diante das situações de exclusão. Vale destacar, como exemplos, a participação em desfiles oficiais, o envolvimento das escolas, vigílias e alvoradas na véspera do Grito, etc. Do ponto de vista da organização, é importante lembrar que, embora exista uma coordenação nacional, são respeitadas e estimuladas muitas outras formas de organização: coordenações locais, regionais e estaduais. Não se trata de criar novas estruturas. Na verdade, o Grito aproveita as que já existem, ligadas às entidades envolvidas, tais como, Igrejas, centrais sindicais, movimentos populares, associações. Apesar de contar inicialmente com os recursos das pastorais sociais, hoje vão se consolidando novas fontes de recursos: venda de material, contribuições eventuais e uma quota anual para cada uma das organizações promotoras.Como se faz a divulgação do Grito? Em primeiro lugar, através de publicações próprias: um tablóide periódico, com uma tiragem de aproximadamente 60 mil números; um boletim temático e um cartaz, o qual é produzido de forma coletiva. Em segundo lugar, vem a colaboração de vários parceiros: rádios comunitárias, rádios dos sindicatos, pastorais e igrejas, além dos mais variados boletins de cada uma das entidades envolvidas.Em 1995, o Grito contava com uma rede de 60 articuladores, a nível nacional. Hoje, após cinco anos de experiência, esse número já chega à casa dos mil, representando todos os estados da federação e as mais diversas entidades (Igrejas, sindicatos, movimentos populares, federações, e organizações de base). Na reunião realizada no final do mês de julho, determinou-se um ponto de referência em cada estado, o qual deverá centralizar as informações e remetê-las à sede nacional do Grito. Desta forma, pretende-se que as informações veiculadas logo após a realização do Grito sejam o mais próximo possível da realidade, como uma das formas de fazer frente à grande imprensa, que em geral procura distorcer ou minimizar a repercussão do evento. As distorções ocorrem sobretudo em relação ao número de cidades e de pessoas que efetivamente participam das manifestações de rua. A continuar o crescimento, como de fato tem acontecido no Brasil e, a partir deste ano, na América Latina, a perspectiva é de que no próximo ano tenhamos um Grito Continental, rumo a uma grande manifestação mundial dos excluídos. Pe. Luiz Bassegio e Pe. Alfredo Gonçalves,Pela Coordenação do Grito dos Excluídos no Brasil.
ATENÇÃO 2A,2B E 2C - O SIGNIFICADO DO SETE DE SETEMBRO
A aristocracia rural brasileira conduziu a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios, representados pelo latifúndio e escravismo. De forma, que a independência foi imposta verticalmente, com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural, afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral.Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente retornasse, a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola, o que obviamente ameaçaria seus privilégios.A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a imprensa aliaram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes.D. Pedro é sondado para ficar no Brasil, pois sua partida poderia representar a divisão do país. Era preciso ganhar o apoio de D. Pedro, em torno do qual se consolidaram os interesses da nobreza rural brasileira. Um abaixo assinado contendo oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. Pedro em 9 de janeiro de 1822, solicitando sua permanência no Brasil. Cedendo às pressões, D. Pedro decidiu-se: "Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico".São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andradas, pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se, sendo expulso da província. Em Portugal, a reação tornava-se radical, com ameaça de envio de tropas, caso o príncipe não retornasse imediatamente.José Bonifácio, transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe, juntamente com carta sua e de D. Maria Leopoldina, que ficara no Rio de Janeiro como regente. No dia sete de setembro de 1822 D. Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos, bradou: "É tempo... Independência ou morte... Estamos separados de Portugal".Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822), D. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. Era o início do Império, embora a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822.A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. As bases sócio-econômicas (trabalho escravo, monocultura e latifúndio), que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos, permaneceram inalteradas. O "sete de setembro" foi apenas a consolidação de uma ruptura política, que já começara 14 anos atrás, com a abertura dos portos.
HISTÓRIA DA ARTE - A ARTE RUPESTRE
O mapa do tesourodesconhecido
A arte rupestre brasileira ganhaseu primeiro grande levantamento
Roberta Salomone, de Palmas
in veja on-line
Desde o século XIX, quando ocorreram as primeiras descobertas arqueológicas no Brasil, os cientistas formulam hipóteses sobre os possíveis significados da arte rupestre. Mas interpretar essas imagens continua sendo um grande desafio para os arqueólogos.
• Vários eram os motivos que levavam nossos antepassados a se expressar através das pinturas. Aparentemente, alguns acreditavam que o desenho poderia atrair a caça, outros achavam que as figuras funcionariam como demarcador de território.
• Também pode ser que a arte rupestre servisse como forma de comunicação numa época em que não havia escrita. E os estudiosos não descartam nem a hipótese de que desenhar fosse para alguns apenas uma maneira de passar o tempo.
• Nossos primeiros artistas viviam em um país muito diferente do que conhecemos hoje. Há 10 000 anos, o clima era bem mais frio e a paisagem, dominada por campos e cerrados. A Floresta Amazônica não existia.
• Não há indícios de que o homem pré-histórico morasse em grutas no Brasil. Ele vivia em grupos pequenos e alimentava-se de frutos, raízes, além de caçar mamíferos. Grutas eram usadas apenas eventualmente, como abrigo.
• Os materiais utilizados para dar cor aos desenhos eram elementos da natureza, como argila, carvão e óxido de ferro. Com eles era possível alcançar diferentes tonalidades.
Consideramos como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras civilizações e portanto antes da escrita. No entanto isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos diferentes, em locais diferentes, mas com algumas características comuns.A primeira característica é o pragmatismo, ou seja, a arte produzida possuía uma utilidade, material, cotidiana ou mágico-religiosa: ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça.
A arte rupestre brasileira ganhaseu primeiro grande levantamento
Roberta Salomone, de Palmas
in veja on-line
Pouco antes da criação do estado do Tocantins, no fim da década de 80, um grupo de arqueólogos encontrou, bem próximo à futura capital, Palmas, um tesouro de valor inestimável. No alto da Serra do Lajeado, um paredão de mais de 80 metros de comprimento estampava pinturas feitas milênios antes da chegada dos primeiros portugueses. Por causa do acesso difícil (é preciso enfrentar uma caminhada de quase três horas no meio do mato para chegar até lá), as dezenas de figuras humanas e de animais, além de outras de significado desconhecido, permaneceram intactas e praticamente incógnitas até hoje. Só agora o local foi redescoberto. Ele integra o maior levantamento de arte rupestre já feito no Brasil, que abriga registros comprovados de até 10 000 anos (há pesquisadores que afirmam que existem há 30 000 anos). Coordenado pelo francês André Prous, um dos mais renomados arqueólogos em atividade no Brasil e um dos descobridores do esqueleto de Luzia, a mais antiga habitante do Brasil, o projeto será concluído até o fim do ano. E vai tornar público um tesouro até hoje só devidamente apreciado nos meios acadêmicos. "O acervo rupestre nacional é cada vez mais prestigiado internacionalmente, mas ainda pouco conhecido dos brasileiros", diz André Prous.
O Brasil tem cerca de 10 000 sítios arqueológicos cadastrados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e há quem aposte que esse número chegue ao triplo. A maioria apresenta registros de arte rupestre. São pinturas e gravuras de importância comparável às das grutas de Altamira, na Espanha, e Lascaux, na França, cuja descoberta, na década de 40, revelou a existência de uma produção artística impressionante na pré-história. A arte rupestre está presente na maioria dos estados brasileiros. São desenhos feitos em diferentes períodos, que sugerem animais, rituais, danças, cenas de luta ou de sexo. Muitos são, aparentemente, apenas representações geométricas, enquanto outros podem significar uma surpreendente noção de astronomia . Seu estudo pode ajudar a entender como viviam nossos antepassados e a reconstituir a história da ocupação do Brasil antes da descoberta do país pelos portugueses. O projeto, financiado pela Petrobras, percorrerá quinze estados e registrará em um livro desde sítios já famosos, como o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, que abriga uma das maiores concentrações de arte rupestre do mundo e é tombado pela Unesco como patrimônio da humanidade, até locais quase desconhecidos, como a Serra do Lajeado.
Apesar de sua importância, a arte rupestre brasileira vive ameaçada de desaparecer. Além da deterioração natural provocada pelo tempo, sofre com os danos causados pela ação poluidora de empresas de mineração, das queimadas, lavouras, pichações e com a depredação de turistas em busca de suvenires pré-históricos. Uma realidade que pode ser bem diferente. A gruta de Lascaux, na França, ganhou uma perfeita réplica da ambientação e das pinturas de 17 000 anos de idade. A falsa gruta recebe cerca de 2 milhões de pessoas por ano, enquanto a original fica protegida. "Não devemos subestimar o nosso patrimônio. É inaceitável que bens tão importantes para a humanidade corram risco de desaparecer por falta de informação", diz Gilson Martins, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira.
Apesar de sua importância, a arte rupestre brasileira vive ameaçada de desaparecer. Além da deterioração natural provocada pelo tempo, sofre com os danos causados pela ação poluidora de empresas de mineração, das queimadas, lavouras, pichações e com a depredação de turistas em busca de suvenires pré-históricos. Uma realidade que pode ser bem diferente. A gruta de Lascaux, na França, ganhou uma perfeita réplica da ambientação e das pinturas de 17 000 anos de idade. A falsa gruta recebe cerca de 2 milhões de pessoas por ano, enquanto a original fica protegida. "Não devemos subestimar o nosso patrimônio. É inaceitável que bens tão importantes para a humanidade corram risco de desaparecer por falta de informação", diz Gilson Martins, presidente da Sociedade de Arqueologia Brasileira.
Quem eram os artistas
Desde o século XIX, quando ocorreram as primeiras descobertas arqueológicas no Brasil, os cientistas formulam hipóteses sobre os possíveis significados da arte rupestre. Mas interpretar essas imagens continua sendo um grande desafio para os arqueólogos.
• Vários eram os motivos que levavam nossos antepassados a se expressar através das pinturas. Aparentemente, alguns acreditavam que o desenho poderia atrair a caça, outros achavam que as figuras funcionariam como demarcador de território.
• Também pode ser que a arte rupestre servisse como forma de comunicação numa época em que não havia escrita. E os estudiosos não descartam nem a hipótese de que desenhar fosse para alguns apenas uma maneira de passar o tempo.
• Nossos primeiros artistas viviam em um país muito diferente do que conhecemos hoje. Há 10 000 anos, o clima era bem mais frio e a paisagem, dominada por campos e cerrados. A Floresta Amazônica não existia.
• Não há indícios de que o homem pré-histórico morasse em grutas no Brasil. Ele vivia em grupos pequenos e alimentava-se de frutos, raízes, além de caçar mamíferos. Grutas eram usadas apenas eventualmente, como abrigo.
• Os materiais utilizados para dar cor aos desenhos eram elementos da natureza, como argila, carvão e óxido de ferro. Com eles era possível alcançar diferentes tonalidades.
História da Arte
A arte na Pré-História
A arte na Pré-História
Consideramos como arte pré-histórica todas as manifestações que se desenvolveram antes do surgimento das primeiras civilizações e portanto antes da escrita. No entanto isso pressupõe uma grande variedade de produção, por povos diferentes, em locais diferentes, mas com algumas características comuns.A primeira característica é o pragmatismo, ou seja, a arte produzida possuía uma utilidade, material, cotidiana ou mágico-religiosa: ferramentas, armas ou figuras que envolvem situações específicas, como a caça.
Cabe lembrar que as cenas de caça representadas em cavernas não descreviam uma situação vivida pelo grupo, mas possuía um caráter mágico, preparando o grupo para essa tarefa que lhes garantiria a sobrevivência.As manifestações artísticas mais antigas foram encontradas na Europa, em especial na Espanha, sul da França e sul da Itália e datam de aproximadamente de 25000a.C., portanto no período paleolítico. Na França encontramos o maior número de obras pré históricas e até hoje em bom estado de conservação, como as cavernas de Altamira, Lascaux e Castilho.
Os grupos pré-históricos eram nômades e se deslocavam de acordo com a necessidade de obter alimentos. Durante o período neolítico essa situação sofreu mudanças, desenvolveram-se as primeiras formas de agricultura e consequentemente o grupo humano passou a se fixar por mais tempo em uma mesma região, mas ainda utilizavam-se de abrigos naturais ou fabricadoscom fibras vegetais ao mesmo tempo em que passaram a construir monumentos de pedras colossais, que serviam de câmaras mortuárias ou de templos. Raras as construções que serviam de habitação.
Os homens da Pré-História Essa pedras pesavam mais de três toneladas, fato que requeria o trabalho de muitos homens e o conhecimento da alavanca.Esses monumentos de pedras foram denominados "megalíticos" e podem ser classificados de: dólmens, galerias cobertas que possibilitavam o acesso a uma tumba; menires, que são grandes pedras cravadas no chão de forma vertical; e os cromlech, que são menires e dólmens organizados em círculo, sendo o mais famoso o de Stonehenge, na Inglaterra.Também encontramos importantes monumentos megalíticos na Ilha de Malta e Carnac na França, todos eles com funções ritualisticas.EsculturaA escultura foi responsável pela elaboração tanto de objetos religiosos quanto de utensílios domésticos, onde encontramos a temática predominante em toda a arte do período, animais e figuras humanas, principalmente figuras femininas, conhecidas como Vênus, caracterizadas pelos grandes seios e ancas largas, são associadas ao culto da fertilidade;Entre as mais famosas estão a Vênus de Lespugne, encontrada na França, e a Vênus de Willendorf, encontrada na Áustria foram criadas principalmente em pedras calcárias, utilizando-se ferramentas de pedra pontiaguda.Durante o período neolítico europeu (5000aC - 3000dC) os grupos humanos já dominavam o fogo e passou a produção de peças de cerâmica, normalmente vasos, decorados com motivos geométricos em sua superfície; somente na idade do bronze a produção da cerâmica alcançou grande desenvolvimento, devido a utilização na armazenagem de água e alimentosPinturaAs principais manifestações da pintura pré-histórica são encontradas no interior de cavernas, em paredes de pedra e a princípio retratavam cenas envolvendo principalmente animais, homens e mulheres e caçadas, existindo ainda a pintura de símbolos, com significado ainda desconhecido. Essa fase inicial é marcada pela utilização predominantemente do preto e do vermelho e é considerada portanto como naturalista.No período neolítico a pintura é utilizada como elemento decorativo e retratando as cenas do cotidiano. A qualidade das obras é superior, mostrando um maior grau de abstração e a utilização de outros instrumentos que não as mãos, como espátulas.Por volta de 2000aC as características da pintura a apresentavam um nível próximo à de formas escritas, preservando porém seu caráter mágico ou religiosos, celebrando a fecundidade ou os objetos de adoração (totens).
APÓS LER O TEXTO OS ESCREVER NO CADERNO AS CONCLUSÕES.
2A E 2B - ESQUEMA DO CAPÍTULO 3 BRASIL - DA INDEPENDÊNCIA AO GOLPE DA MAIORIDADE
1. PRIMEIRO REINADO (1822-1831): CARÁTER DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
* Foi resultado de uma articulação entre a elite aristocrática e o príncipe regente.
* O papel de D. Pedro I deve ser contextualizado para não cairmos na visão positivista do HERÓI NACIONAL.Também é importante conhecer as razões da crise do sistema colonial e as lutas emancipacionistas no Brasil.
* A participação de Dom Pedro I afastou o povo do processo e manteve as estruturas econômicas e sociais. Além disso, sua presença garantiu a integridade territorial do país.
* Diferenças entre o processo brasileiro e o processo da América Espanhola: Os limites do liberalismo.
2. O GOVERNO DE DOM PEDRO I
* Lutas pela consolidação da independência - controle das revoltas anti-emancipacionistas: Resistência na Bahia e no Pará.
* A Assembléia Constituinte de 1823: apresentação de um projeto elitista e anti-absolutista. Incluía o critério renda para definir a cidadania. Desagadrou a Dom Pedro I por querer limitar o seu poder.
* Em Novembro de 1823 Dom Pedro dissolve a Assembléia (Noite da Agonia) e convoca um novo conselho sob a seguinte ordem: " EU QUERO UMA CONSTITUIÇÃO QUE SEJA DIGNA DE MIM E DO BRASIL".
* A Constituição de 1824
- Foi outorgada (imposta)
- Afirma que D. Pedro governará com a graça de Deus (Teoria do Direito Divino)
- Absolutista (Poder moderador)
- Instituí o catolicismo como religião oficial do Brasil
- Mantém a escravidão
- Instituí o voto censitário.
* A Confederação do Equador:
- Revolta ocorrida no Nordeste contra os rumos políticos adotados por Dom Pedro I
- Defendia a República e a Independência de parte do Nordeste.
- O movimento ganhou corpo sofreu por repressão por parte das tropas federais.
- Os líderes foram executados, entre eles estava Frei Caneca.
* Foi resultado de uma articulação entre a elite aristocrática e o príncipe regente.
* O papel de D. Pedro I deve ser contextualizado para não cairmos na visão positivista do HERÓI NACIONAL.Também é importante conhecer as razões da crise do sistema colonial e as lutas emancipacionistas no Brasil.
* A participação de Dom Pedro I afastou o povo do processo e manteve as estruturas econômicas e sociais. Além disso, sua presença garantiu a integridade territorial do país.
* Diferenças entre o processo brasileiro e o processo da América Espanhola: Os limites do liberalismo.
2. O GOVERNO DE DOM PEDRO I
* Lutas pela consolidação da independência - controle das revoltas anti-emancipacionistas: Resistência na Bahia e no Pará.
* A Assembléia Constituinte de 1823: apresentação de um projeto elitista e anti-absolutista. Incluía o critério renda para definir a cidadania. Desagadrou a Dom Pedro I por querer limitar o seu poder.
* Em Novembro de 1823 Dom Pedro dissolve a Assembléia (Noite da Agonia) e convoca um novo conselho sob a seguinte ordem: " EU QUERO UMA CONSTITUIÇÃO QUE SEJA DIGNA DE MIM E DO BRASIL".
* A Constituição de 1824
- Foi outorgada (imposta)
- Afirma que D. Pedro governará com a graça de Deus (Teoria do Direito Divino)
- Absolutista (Poder moderador)
- Instituí o catolicismo como religião oficial do Brasil
- Mantém a escravidão
- Instituí o voto censitário.
* A Confederação do Equador:
- Revolta ocorrida no Nordeste contra os rumos políticos adotados por Dom Pedro I
- Defendia a República e a Independência de parte do Nordeste.
- O movimento ganhou corpo sofreu por repressão por parte das tropas federais.
- Os líderes foram executados, entre eles estava Frei Caneca.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
FREI BETO: MOMENTO DE REFLEXÃO - NOVOS VALORES
NOVOS VALORES PARA A NOVA CIVILIZAÇÃO
Escrito por Frei Betto
19-Fev-2009
No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários, e sim na prática social, através de lutas populares, movimentos sindicais, camponeses, indígenas, étnicos, ambientais e comunidades de base.
Para gestar tais alternativas exigem-se pelo menos quatro atitudes. A primeira, visão crítica do neoliberalismo. Este aprofunda as contradições do capitalismo, na medida em que a expansão globalizada do mercado acirra a competição comercial entre as grandes potências; desloca a produção para áreas onde se possam pagar salários irrisórios; estimula o êxodo das nações pobres rumo às ricas; introduz tecnologia de ponta que reduz os postos de trabalho; torna as nações dependentes do capital especulativo; e intensifica o processo de destruição do equilíbrio ambiental do planeta.
A segunda atitude, organizar a esperança. Encontrar alternativas é um trabalho coletivo. Elas não surgem da cabeça de intelectuais iluminados ou de gurus ideológicos. Daí a importância de se dar consistência organizativa a todos os setores da sociedade que esperam outra coisa diferente do que se vê na realidade atual: desde agricultores que sonham lavrar sua própria terra a jovens interessados na preservação do meio ambiente.
Terceira atitude: resgatar a utopia. O neoliberalismo não visa a destruir apenas as instâncias comunitárias criadas pela modernidade, como família, sindicato, movimentos sociais e Estado democrático. Seu projeto de atomização da sociedade reduz a pessoa à condição de indivíduo desconectado da conjuntura sócio-político-econômica na qual se insere e o considera mero consumidor. Estende-se, portanto, também à esfera cultural. Como diria Emmanuel Mounier, o individualismo é oposto ao personalismo. Pascal foi enfático: "O Eu é odioso".
No seu apogeu, o capitalismo mercantiliza tudo: a biodiversidade, o meio ambiente, a responsabilidade social das empresas, o genoma, os órgãos arrancados de crianças e até mesmo o nosso imaginário. Um exemplo trivial é o que se gasta com a compra de água potável engarrafada em indústria, dispensando o velho e bom filtro de cerâmica ou mesmo a coleta da limpíssima água da chuva após um minuto de precipitação.
Sem utopias não há mobilizações motivadas pela esperança. Nem possibilidade de visualizar um mundo diferente, novo e melhor.
Quarta atitude: elaborar um projeto alternativo. A esperança favorece a emergência de novas utopias, que devem ser traduzidas em projetos políticos e culturais que sinalizem as bases de uma nova sociedade. Isso implica o resgate dos valores éticos, do senso de justiça, das práticas de solidariedade e partilha, do respeito à natureza. Em suma, trata-se de um desafio também de ordem espiritual, na linha do que apregoava o professor Milton Santos, de que devemos priorizar os "bens infinitos" e não os "bens finitos".
O projeto de uma sociedade ecossocialista alternativa ao neoliberalismo exige revisar, a partir da queda do Muro de Berlim, os aspectos teóricos e práticos do socialismo real, em particular do ponto de vista da democracia participativa e da preservação ambiental.
O ecossocialismo se caracterizaria pela capacidade de incorporar conceito e práticas de igualdade social e desenvolvimento sustentável a partir de experiências dos movimentos sociais e ecológicos, assim como da Revolução Cubana, do levante zapatista de Chiapas, dos assentamentos do MST etc.
É vital incluir no projeto e no programa os paradigmas ora emergentes, como ecologia, indigenismo, ética comunitária, economia solidária, espiritualidade, feminismo e holística.
Este sonho, esta utopia, esta esperança que chamamos de ecossocialismo, não é senão a continuação das esperanças daqueles que lutaram pela defesa da vida, como Chico Mendes e Dorothy Stang, dois lutadores cristãos que deram suas vidas pela causa dos pobres, dos explorados, dos indígenas, dos trabalhadores da terra e dos povos da floresta.
Frei Betto é escritor, autor de "Cartas da Prisão" (Agir), entre outros livros.
ISRAEL X PALESTINA: OS BASTIDORES
Escrito por Luiz Eça
20-Fev-2009
PUBLICADO NO CORREIO DA CIDADANIA
Na verdade, o resultado das eleições não alterou o caminho que Israel vem seguindo. Apenas deixou-o mais explícito. A ultra-extrema-direita vitoriosa tem os mesmos objetivos dos últimos governos, só que não os camufla com falsas declarações favoráveis a um acordo de paz e à independência da Palestina.
Desde a criação de Israel, a grande preocupação da população do país tem sido com a segurança, que seria ameaçada pelos seus vizinhos, inconformados com a expulsão manu militari dos primitivos habitantes árabes da Palestina. O modo escolhido para garanti-la foi manter forças armadas muito superiores às dos inimigos, prontas para esmagar qualquer ataque, limitado que fosse, gerando terror e desestimulando futuras ações hostis.
Assim, contando com a decisiva colaboração dos Estados Unidos, o exército israelense travou 4 guerras vitoriosas contra os países árabes, entre 1948 e 1973. Depois dessa última, o Egito, o mais forte deles, passou para o lado americano e fez as pazes com Israel, inclusive estabelecendo completas relações diplomáticas. Os demais países do bloco antijudaico eram militarmente fracos e não tinham condições de empreender novas guerras. Quem continuou lutando foi a OLP (Organização pela Libertação da Palestina), entidade que unia movimentos islâmicos de diversas linhas de atuação: desde ataques a objetivos militares até ações terroristas.
De acordo com sua política agressiva, Israel reprimiu duramente todas as ações rotuladas como ameaças à segurança nacional. Chegou a invadir e a ocupar o Líbano – onde viviam em favelões a maioria dos palestinos desalojados – em 1978 e 1982, devastando o país e fazendo milhares de prisioneiros e vítimas civis. Somente na invasão de 1982 foram mortos 20.000 civis palestinos e libaneses.
Mais recentemente, em 1993, por pressão da opinião pública mundial, o governo de Tel Aviv concordou em assinar os acordos de Oslo, nos quais, pela primeira vez, admitia a criação de uma Palestina árabe independente, cujos limites seriam definidos posteriormente com base na resolução da ONU, que mandava Israel sair dos territórios ocupados na guerra de 1967 e voltar às fronteiras anteriores. Também em Oslo, parte da Cisjordânia ganhou "autonomia administrativa" (em certas questões), passando a ser gerida pela chamada "Autoridade Palestina".
De Oslo para cá, houve muitas tentativas de negociação, todas elas rompidas por atentados terroristas dos movimentos árabes mais radicais – impacientes com a lentidão das negociações - ou, na maioria dos casos, pelas próprias forças armadas de Israel. De acordo com sua doutrina de "assassinatos seletivos", elas se arrogaram o direito de matar, especialmente via mísseis lançados por aviões, aqueles que sua espionagem acusasse de terrorismo. Sem direito de defesa ou julgamento, uma aberração nos tempos de hoje, centenas dessas pessoas foram assim executadas. E, o que é mais grave, os vizinhos e transeuntes próximos dos alvos acabaram também assassinatos sem culpa alguma.
E Israel seguiu promovendo novas invasões. Primeiro da Cisjordânia, desrespeitando a "Autoridade Palestina", cujos edifícios públicos (inclusive a polícia) e equipamentos de infra-estrutura foram alvos preferenciais dos mísseis e bombas dos judeus. Devido a conflitos com o Hizbollah na fronteira do Líbano, seu exército e força aérea lançaram-se contra o país, danificando pesadamente sua infra-estrutura, reduzindo a escombros aldeias inteiras e matando cerca de 1.000 pessoas, quase todas civis. Mais recentemente, fizeram o mesmo em Gaza, agora com requintes de barbaridade tipo Gengis Khan. Bombardearam escolas, hospitais, depósitos de alimentos, instalações da ONU e prédios repletos de famílias de refugiados, sob o pretexto de enfraquecer o insubmisso Hamas.
Na verdade, Israel nunca aceitou a idéia de um país palestino livre. Pelo contrário: procurou sempre dificultar sua viabilização, permitindo e mesmo estimulando a fundação de novos assentamentos judaicos, contra proibições da ONU e compromissos firmados internacionalmente.
Hoje, 60 anos depois da fundação de Israel, a política de garantir segurança pelo uso da força bruta fracassou. Os judeus estão conscientes de que, a qualquer momento, o Hamas voltará a lançar foguetes e os movimentos islâmicos mais exaltados lançarão atentados terroristas. O Hizbollah, na fronteira do Líbano, continua forte e pronto a novas incursões guerrilheiras. Na área internacional, Israel perdeu um importantíssimo aliado, a Turquia, que condenou veementemente o massacre de Gaza, tendo o primeiro-ministro Erdogan brigado em pleno plenário de Davos com Shimon Peres, presidente de Israel. Some-se a isso a progressiva deterioração da imagem de Israel, hoje visto universalmente como país que não respeita o Direito Internacional e não tem escrúpulos em praticar ações desumanas e brutais contra populações civis.
Apesar disso tudo, Israel continua no "mau caminho". Acaba de eleger o parlamento mais direitista e agressivo de sua história. Basta dizer que todos os deputados pacifistas eleitos (árabes, esquerdistas e liberais) somaram apenas 8% dos votos.
A postura alienante do eleitorado, favorável a uma política de força provadamente errada, pode ser creditada à manipulação da opinião pública pelo "partido da guerra", formado pelas forças armadas, a indústria de armas e certos grupos políticos religiosos, tendo como porta-vozes líderes políticos de direita.
Com sua imagem fortalecida pelos triunfos nas guerras dos primeiros 25 anos do país, os militares conseguiram posição hegemônica na política israelense – haja vista o grande número deles que já foram primeiros-ministros: Rabin, Barak, Netanyahu, Sharon e Begin, sem contar os muitos que exerceram e exercem altos cargos na administração. Eles são estreitamente ligados à indústria de armas, cujos lucros sobem nesse clima de estado de guerra permanente. Frise-se que os interesses econômicos envolvidos não são de desprezar, pois Israel é hoje o quarto maior exportador de armas do mundo, constituindo-se a indústria do setor num poderoso grupo de pressão. A terceira força que integra o partido da guerra é o rabinato político. Adeptos da vinculação do Estado a conceitos pretensamente religiosos, eles podem ser comparados aos mais furiosos e reacionários membros do clero radical islâmico.
As citações abaixo falam por si: "Há uma proibição bíblica de entregar um único milímetro da terra de Israel (Palestina) aos gentios" (livros do rabino Shlomo Aviner); "Quando você mostra compaixão por um cruel inimigo, você está sendo cruel para os soldados puros e honestos" (citação do rabino Avinet, em publicação do alto rabinato do exército de Israel distribuída aos soldados em Gaza); "Soldados de Israel: poupem suas vidas e as de seus amigos, não se preocupando com uma população (palestinos) que nos cerca e fere" (alunos do rabi Yitzhak Ginsburg, autor de artigo enaltecendo Baruch Goldstein, assassino de árabes desarmados em Hebron).
Além dos grupos de pressão claramente comprometidos com a "política de força", existem em Israel intelectuais de renome, jornalistas, estudantes e políticos que defendem caminhos diferentes. Eles acreditam que agora é um bom momento para procurar um entendimento com os palestinos, inclusive o Hamas. Afinal, esse movimento ganhou as últimas eleições democraticamente, é seu representante legítimo.
Evidentemente, os problemas são difíceis de serem superados. O que fazer com os assentamentos na Palestina, onde vivem 400 mil judeus? Como atender aos 700 mil refugiados palestinos? E Jerusalém, poderá ser dividida entre os dois países?
Esses temas são os mesmos que vêm sendo discutidos sem êxito, desde os acordos de Oslo. Agora poderá ser diferente, desde que os judeus renunciem aos "assassinatos coletivos" e a novos assentamentos. E os árabes aos atentados e ao lançamento de foguetes. Com Obama, os Estados Unidos poderão ser mediadores imparciais, inclusive, exercendo pressões que eventualmente sejam necessárias, sobre ambos os lados.
Mas a perspectiva atual é sombria. Com a ultra-extrema-direita no poder, acabaram-se os subterfúgios. Netanyahu já afirmou que não existe problema da Palestina. Ele nem pensa em retirar-se da Cisjordânia ou acabar com um único assentamento. Quanto ao Hamas, voltando a lançar foguetes, será atacado com toda energia, até sua destruição final. Custe o que custar. Ao povo palestino, é claro.
Para Netanyahu, problema mesmo é o Irã. A possibilidade de Teerã vir a ter uma bomba atômica seria inaceitável. O país dos aiatolás passou a ser um fantasma a ser exorcizado a ferro e fogo, especialmente depois que o populista Ahmadinejad ameaçou varrer Israel do mapa. Não importa ele ter esclarecido que falara figuradamente; que o Irã não pretendia atacar Israel, cujo regime racista afundaria por si só.
Pela doutrina militarista israelense, a segurança do país fica ameaçada pela simples existência de um inimigo poderoso. No caso presente, o programa nuclear militar dos iranianos não é fato comprovado, mas ainda que o fosse eles contariam com uma ou duas bombas atômicas somente daqui a alguns anos. Mesmo trabalhando a toda, nunca teriam o suficiente para enfrentar as 200 bombas de Israel, somadas às milhares do seu protetor e fiel aliado, Estados Unidos.
A "ameaça atômica" de Teerã não passa de mais um pretexto para manter Israel militarizado, com apoio do povo - temente por sua segurança. E a indústria bélica faturando horrores.
Como se sabe, o soi disant centrista Olmert pediu licença a Bush para bombardear o Irã. Bush negou, para evitar o envolvimento americano em uma aventura guerreira com potencial de muitas mortes de "our boys" e prejuízos à combalida imagem dos republicanos. Olmert obedeceu. Será que o agressivo Netanyahu fará por menos?
Luiz Eça é jornalista.
Desde a criação de Israel, a grande preocupação da população do país tem sido com a segurança, que seria ameaçada pelos seus vizinhos, inconformados com a expulsão manu militari dos primitivos habitantes árabes da Palestina. O modo escolhido para garanti-la foi manter forças armadas muito superiores às dos inimigos, prontas para esmagar qualquer ataque, limitado que fosse, gerando terror e desestimulando futuras ações hostis.
Assim, contando com a decisiva colaboração dos Estados Unidos, o exército israelense travou 4 guerras vitoriosas contra os países árabes, entre 1948 e 1973. Depois dessa última, o Egito, o mais forte deles, passou para o lado americano e fez as pazes com Israel, inclusive estabelecendo completas relações diplomáticas. Os demais países do bloco antijudaico eram militarmente fracos e não tinham condições de empreender novas guerras. Quem continuou lutando foi a OLP (Organização pela Libertação da Palestina), entidade que unia movimentos islâmicos de diversas linhas de atuação: desde ataques a objetivos militares até ações terroristas.
De acordo com sua política agressiva, Israel reprimiu duramente todas as ações rotuladas como ameaças à segurança nacional. Chegou a invadir e a ocupar o Líbano – onde viviam em favelões a maioria dos palestinos desalojados – em 1978 e 1982, devastando o país e fazendo milhares de prisioneiros e vítimas civis. Somente na invasão de 1982 foram mortos 20.000 civis palestinos e libaneses.
Mais recentemente, em 1993, por pressão da opinião pública mundial, o governo de Tel Aviv concordou em assinar os acordos de Oslo, nos quais, pela primeira vez, admitia a criação de uma Palestina árabe independente, cujos limites seriam definidos posteriormente com base na resolução da ONU, que mandava Israel sair dos territórios ocupados na guerra de 1967 e voltar às fronteiras anteriores. Também em Oslo, parte da Cisjordânia ganhou "autonomia administrativa" (em certas questões), passando a ser gerida pela chamada "Autoridade Palestina".
De Oslo para cá, houve muitas tentativas de negociação, todas elas rompidas por atentados terroristas dos movimentos árabes mais radicais – impacientes com a lentidão das negociações - ou, na maioria dos casos, pelas próprias forças armadas de Israel. De acordo com sua doutrina de "assassinatos seletivos", elas se arrogaram o direito de matar, especialmente via mísseis lançados por aviões, aqueles que sua espionagem acusasse de terrorismo. Sem direito de defesa ou julgamento, uma aberração nos tempos de hoje, centenas dessas pessoas foram assim executadas. E, o que é mais grave, os vizinhos e transeuntes próximos dos alvos acabaram também assassinatos sem culpa alguma.
E Israel seguiu promovendo novas invasões. Primeiro da Cisjordânia, desrespeitando a "Autoridade Palestina", cujos edifícios públicos (inclusive a polícia) e equipamentos de infra-estrutura foram alvos preferenciais dos mísseis e bombas dos judeus. Devido a conflitos com o Hizbollah na fronteira do Líbano, seu exército e força aérea lançaram-se contra o país, danificando pesadamente sua infra-estrutura, reduzindo a escombros aldeias inteiras e matando cerca de 1.000 pessoas, quase todas civis. Mais recentemente, fizeram o mesmo em Gaza, agora com requintes de barbaridade tipo Gengis Khan. Bombardearam escolas, hospitais, depósitos de alimentos, instalações da ONU e prédios repletos de famílias de refugiados, sob o pretexto de enfraquecer o insubmisso Hamas.
Na verdade, Israel nunca aceitou a idéia de um país palestino livre. Pelo contrário: procurou sempre dificultar sua viabilização, permitindo e mesmo estimulando a fundação de novos assentamentos judaicos, contra proibições da ONU e compromissos firmados internacionalmente.
Hoje, 60 anos depois da fundação de Israel, a política de garantir segurança pelo uso da força bruta fracassou. Os judeus estão conscientes de que, a qualquer momento, o Hamas voltará a lançar foguetes e os movimentos islâmicos mais exaltados lançarão atentados terroristas. O Hizbollah, na fronteira do Líbano, continua forte e pronto a novas incursões guerrilheiras. Na área internacional, Israel perdeu um importantíssimo aliado, a Turquia, que condenou veementemente o massacre de Gaza, tendo o primeiro-ministro Erdogan brigado em pleno plenário de Davos com Shimon Peres, presidente de Israel. Some-se a isso a progressiva deterioração da imagem de Israel, hoje visto universalmente como país que não respeita o Direito Internacional e não tem escrúpulos em praticar ações desumanas e brutais contra populações civis.
Apesar disso tudo, Israel continua no "mau caminho". Acaba de eleger o parlamento mais direitista e agressivo de sua história. Basta dizer que todos os deputados pacifistas eleitos (árabes, esquerdistas e liberais) somaram apenas 8% dos votos.
A postura alienante do eleitorado, favorável a uma política de força provadamente errada, pode ser creditada à manipulação da opinião pública pelo "partido da guerra", formado pelas forças armadas, a indústria de armas e certos grupos políticos religiosos, tendo como porta-vozes líderes políticos de direita.
Com sua imagem fortalecida pelos triunfos nas guerras dos primeiros 25 anos do país, os militares conseguiram posição hegemônica na política israelense – haja vista o grande número deles que já foram primeiros-ministros: Rabin, Barak, Netanyahu, Sharon e Begin, sem contar os muitos que exerceram e exercem altos cargos na administração. Eles são estreitamente ligados à indústria de armas, cujos lucros sobem nesse clima de estado de guerra permanente. Frise-se que os interesses econômicos envolvidos não são de desprezar, pois Israel é hoje o quarto maior exportador de armas do mundo, constituindo-se a indústria do setor num poderoso grupo de pressão. A terceira força que integra o partido da guerra é o rabinato político. Adeptos da vinculação do Estado a conceitos pretensamente religiosos, eles podem ser comparados aos mais furiosos e reacionários membros do clero radical islâmico.
As citações abaixo falam por si: "Há uma proibição bíblica de entregar um único milímetro da terra de Israel (Palestina) aos gentios" (livros do rabino Shlomo Aviner); "Quando você mostra compaixão por um cruel inimigo, você está sendo cruel para os soldados puros e honestos" (citação do rabino Avinet, em publicação do alto rabinato do exército de Israel distribuída aos soldados em Gaza); "Soldados de Israel: poupem suas vidas e as de seus amigos, não se preocupando com uma população (palestinos) que nos cerca e fere" (alunos do rabi Yitzhak Ginsburg, autor de artigo enaltecendo Baruch Goldstein, assassino de árabes desarmados em Hebron).
Além dos grupos de pressão claramente comprometidos com a "política de força", existem em Israel intelectuais de renome, jornalistas, estudantes e políticos que defendem caminhos diferentes. Eles acreditam que agora é um bom momento para procurar um entendimento com os palestinos, inclusive o Hamas. Afinal, esse movimento ganhou as últimas eleições democraticamente, é seu representante legítimo.
Evidentemente, os problemas são difíceis de serem superados. O que fazer com os assentamentos na Palestina, onde vivem 400 mil judeus? Como atender aos 700 mil refugiados palestinos? E Jerusalém, poderá ser dividida entre os dois países?
Esses temas são os mesmos que vêm sendo discutidos sem êxito, desde os acordos de Oslo. Agora poderá ser diferente, desde que os judeus renunciem aos "assassinatos coletivos" e a novos assentamentos. E os árabes aos atentados e ao lançamento de foguetes. Com Obama, os Estados Unidos poderão ser mediadores imparciais, inclusive, exercendo pressões que eventualmente sejam necessárias, sobre ambos os lados.
Mas a perspectiva atual é sombria. Com a ultra-extrema-direita no poder, acabaram-se os subterfúgios. Netanyahu já afirmou que não existe problema da Palestina. Ele nem pensa em retirar-se da Cisjordânia ou acabar com um único assentamento. Quanto ao Hamas, voltando a lançar foguetes, será atacado com toda energia, até sua destruição final. Custe o que custar. Ao povo palestino, é claro.
Para Netanyahu, problema mesmo é o Irã. A possibilidade de Teerã vir a ter uma bomba atômica seria inaceitável. O país dos aiatolás passou a ser um fantasma a ser exorcizado a ferro e fogo, especialmente depois que o populista Ahmadinejad ameaçou varrer Israel do mapa. Não importa ele ter esclarecido que falara figuradamente; que o Irã não pretendia atacar Israel, cujo regime racista afundaria por si só.
Pela doutrina militarista israelense, a segurança do país fica ameaçada pela simples existência de um inimigo poderoso. No caso presente, o programa nuclear militar dos iranianos não é fato comprovado, mas ainda que o fosse eles contariam com uma ou duas bombas atômicas somente daqui a alguns anos. Mesmo trabalhando a toda, nunca teriam o suficiente para enfrentar as 200 bombas de Israel, somadas às milhares do seu protetor e fiel aliado, Estados Unidos.
A "ameaça atômica" de Teerã não passa de mais um pretexto para manter Israel militarizado, com apoio do povo - temente por sua segurança. E a indústria bélica faturando horrores.
Como se sabe, o soi disant centrista Olmert pediu licença a Bush para bombardear o Irã. Bush negou, para evitar o envolvimento americano em uma aventura guerreira com potencial de muitas mortes de "our boys" e prejuízos à combalida imagem dos republicanos. Olmert obedeceu. Será que o agressivo Netanyahu fará por menos?
Luiz Eça é jornalista.
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