Extraído do Jornal Arca da AliancaJornal Arca da Aliança
Sua origem na formação da futura Europa
No século XV, época em que as "cidades" no velho continente eram pouco mais que pequenos clarões na imensa floresta, mais precisamente na sua parte ocidental, deu-se início um período da história antiga chamado Idade Média. Para entender o Feudalismo genealogicamente é preciso saber um pouco mais sobre este período; sobretudo, que qualquer período da história, seja ela antiga, moderna ou contemporânea, nunca tem um dia exato de começar. Quando um grande fato acontece nada mais é que uma junção de pequenos acontecimentos e pequenas mudanças que vêm ocorrendo anteriormente de forma gradativa. Essas pequenas mudanças são até muito mais importantes que as grande datas. Entende-se agora porque torna-se impossível conhecer o dia em que iniciaram os tempos medievais, consequentemente o próprio período FEUDAL.
No início, bárbaros não travavam batalhas com os romanos
No século V d.C., as fronteiras do império Romano eram habitadas pelos povos Germânicos. Nessa época esses povos, lançando-se uns sobre os outros, "invadiram" os domínios imperiais. Os "Bárbaros", como assim eram chamados (e a todos que não faziam parte do império Romano), instalaram-se nas terras vizinhas na qualidade de trabalhadores agrícolas, atitude esta que muitas vezes evitava batalhas sangrentas com exército Romano. Na verdade este contato "Bárbaros-Romanos", iniciara-se muito antes das "invasões", em torno de trezentos anos antes, quando foram os Romanos que marcharam sobre territórios Germânicos, ocupando por um bom tempo parte dele. Os "Bárbaros", então com Romanos sob seus domínios, começaram a alternar-se no poder. As peças moviam-se no tabuleiro político sobre o qual formava-se a futura Europa - Qualquer semelhança com a política atual talvez não seja mera coincidência. Até que surgisse uma direção mais forte entre os "Bárbaros" (Suevos, Álanos e Vândalos, e outros), a situação estabeleceria-se assim por muito tempo. Os "Bárbaros" assemelhavam-se pelas suas tradições e pela língua, quase comum, mas estavam longe de formar uma etnia única. Além do território Romano ocupado, os "Bárbaros" dispersaram-se para outros lugares. Para a Península Ibérica rumaram inicialmente os Álanos, Suevos e Vândalos. Em seguida para o mesmo local foram os Visigodos que empurraram os Suevos para território Português. Para a Itália foram também, além dos Visigodos, seus irmãos, os Ostrogodos, e mais tarde, os Lombardos. Quanto à região de Gália (onde hoje está a França), chegou a ser dividida entre Romanos, Visigodos, Burgundios e Francos, sendo que os últimos conseguiram assumir sozinhos o poder sobre este vasto território. Enquanto todas essas mudanças e "perambulações" continuavam pela futura Europa, Átila, o rei dos Hunos, exercia um certo fascínio sobre os "Bárbaros". O povo Huno, após dominar a China por muitos e muitos anos (segundo alguns historiadores por quase trezentos anos), voltou-se contra o ocidente atacando Gregos e Germânicos. Esses mesmos historiadores, e muitos outros, ainda acreditam que foram os Hunos os responsáveis pela invasão Germânica nas terras Romanas, pois, ao voltarem da Ásia, lançaram-se sobre os Germânicos com tamanha violência que o impacto desta pôs estes povos em marcha forçada rumo ao império Romano.
[ - Quem eram então estes Hunos que extrema relevância tiveram na formação da Europa e origem do FEUDALISMO? - deve estar se perguntando o amigo leitor. ]
Conduzidos inicialmente por Rúgilas e depois por seu famoso sobrinho, Átila, montavam cavalos de baixa estatura e eram considerados os mais ferozes bárbaros. Sobre eles, um Romano de nome Amiano Marcelino, que viveu no século III d.C. deixou a seguinte descrição: "O povo dos Hunos, pouco conhecido pelos antigos monumentos, vivendo perto do Oceano Glacial, excede todos os modos de ferocidade, tendo o aspecto físico meio disforme (feios, peludos, membros compactos e pescoços grossos), os Hunos vestem-se com tecidos de linho ou com peles de ratos silvestres cosidas umas as outras. Não sentem necessidade nem de fogo nem de comida saborosa, podem comer desde raízes de plantas selvagens até carne crua de qualquer espécie (inclusive seus próprios cavalos).
A força da Igreja na Idade Média e na origem do feudalismo
No entanto, ao mesmo tempo em que exerciam um dúbio sentimento (atração e repulsa), Átila e suas tribos guerreiras representavam para os Germânicos em movimento o modelo de organização política mais fácil de copiar. Mas, na medida em que foram se fixando no território Germânico, o nomadismo Huno de pouco serviria, e os "Bárbaros" Germâmicos passaram a acalentar a idéia de reconstruir o império sob sua própria direção. Vale salientar que a igreja foi a única força que se manteve, e inclusive se ampliou, durante e depois das invasões. A maior parte dos "Barbaros", ao abandonar sua origem pagã, seguiu um ramo do cristianismo contrário [à Igreja] Romana. Eram arianos, ou seja, consideravam a figura de cristo como intermediária entre a divindade e a humanidade, e Roma não apoiava o que considerava uma heresia. De todos os "bárbaros" instalados no continente, apenas os Francos continuavam pagãos. Roma, evidentemente, condenava o paganismo, mas a igreja acumulara tanto poder que os próprios imperadores precisavam de seu apoio para poder se impor. Assim, Clóvis, o rei dos Francos, converteu-se ao catolicismo, levando consigo todo o seu exército a fazer o mesmo. O que nota-se nesse primeiro capítulo sobre o FEUDALISMO é até que ponto a igreja foi força relevante na transição IDADE MÉDIA/FEUDALISMO. Muito mais que isto, os fatos mostram a igreja como poder dominante, assim como os imperadores da época, os verdadeiros senhores FEUDAIS. Enquanto o Rei e a Nobreza tinham suas propriedades divididas por casamentos, heranças, favores e lutas constantes, a igreja pôde acumular entre 20 e 35% de todas as terras, sobretudo com conchavos, pressões políticas e atos mais cruéis, como a inquisição. Afinal, o que é FEUDALISMO? É importante conhecer o significado da palavra para depois comparar às explanações dos fatos e informações que se tem sobre a vida das pessoas, pois sabemos muito bem que nem sempre as palavras condizem com a realidade. O termo FEUDAL vem de FIEF, FEODUM, sua origem é Germânica e designa o direto que se desfruta sobre qualquer bem, geralmente uma terra. Não se trata, porém, de uma propriedade no sentido atual, mas de usufruto, um direito de uso. Assim o FEUDO poderia ser considerado uma forma de posse. FEUDAL seria então aquilo que se relaciona [ao] feudo, e feudalismo acabou por se transformar numa palavra que designa um período da história.
Nenhum comentário:
Postar um comentário