José Bonifácio
José Bonifácio, conhecido como o Patriarca da Independência, teve papel fundamental na preparação e consolidação da Independência do Brasil. Era paulista, nascido em Santos no dia 13 de junho de 1763. Sua família era uma das mais ricas e importantes da cidade. Aos 21 anos partiu para estudar na Universidade de Coimbra, onde se especializou em Mineralogia, onde estudou também direito e ciências naturais. Já em 1822, quando ocupava o cargo de ministro de D. Pedro I, era chamado por seus partidários de "Pai da Pátria", "Timoneiro da Independência", "o Patriarca". Em vários jornais e publicações da época era reconhecido como um dos primeiros a protestar contra a política recolonizadora das Cortes, além de um dos líderes da campanha pela permanência do príncipe no Brasil.
José Bonifácio e seus irmãos Antônio Carlos e Martim Francisco, conhecidos como os Andradas, participaram ativamente da vida política brasileira durante os primeiros anos do Governo de D. Pedro I, chegando a ser apontados como os homens mais poderosos do Primeiro Reinado.
Em 1808, quando os franceses invadiram Portugal, José Bonifácio, ao lado dos portugueses, lutou contra o ataque estrangeiro. Após a expulsão dos franceses, chefiou a policia do Porto.
Em 1819, com 56 anos, José Bonifácio voltou ao Brasil. Por ocasião da formação da Junta governativa em São Paulo, em 1821, foi escolhido presidente. Iniciava-se, então, sua carreira política.
Na época das eleições para as Cortes de Lisboa, conseguiu eleger três dos seis deputados paulistas, liderados por seu irmão Antônio Carlos. Nesta ocasião redigiu o texto "Lembranças e Apontamentos", que orientaria esses deputados nos trabalhos das Cortes. Esse texto refletia seu pensamento, suas propostas e as idéias que formariam o seu projeto nacional que transformaria o Brasil em um país moderno e civilizado. Assim, defendia a união com Portugal, através da formação de um grande Império luso-brasileiro; recomendava a criação de uma universidade e o aumento de número de escolas; a fundação de uma cidade no interior para ser a sede do governo, visando povoar o sertão; Sugeria, ainda, o desenvolvimento da atividade mineradora, abolição gradual da escravidão, a civilização dos índios e uma reforma agrária, através do confisco e venda das terras improdutivas do governo.
No decorrer do ano de 1821, inúmeras medidas tomadas pelas Cortes não deixavam mais dúvidas quanto aos seus propósitos recolonizadores. No início de janeiro de 1822, José Bonifácio entregou ao príncipe um documento da Junta de São Paulo pedindo que D. Pedro desobedecesse às ordens das Cortes de Lisboa e ficasse no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, foi convidado a exercer as funções de ministro de Estado. Apresentava-se como o homem mais indicado para assessorar o príncipe-regente: era fiel à Monarquia, possuía experiência administrativa e prestígio social e internacional. Em pouco tempo se tornou o homem de confiança de D. Pedro e seu mais importante ministro, representante dos proprietários de escravos e terras do Centro Sul.
Por ocasião do Fico as forças políticas uniram-se. Afinal, os interesses do Brasil estavam ameaçados pelos constituintes portugueses. No entanto, após a Independência, as divergências e contradições entre os partidos reapareceram. Democratas e aristocratas entraram em choque. José Bonifácio, líder do grupo aristocrata do Partido Brasileiro, desencadeou uma campanha contra os democratas, visando afastá-los de D. Pedro. Os conflitos entre os dois grupos, permitiram que o Partido Português se aproximasse mais do imperador, enfraquecendo o Ministério dos Andradas. Nesse contexto, a união dos Andradas com o imperador foi de curta duração. O autoritarismo de José Bonifácio gerou severas críticas por parte da oposição e a perda de seu prestígio frente ao imperador. Em junho de 1823 José Bonifácio foi frontalmente contrariado pelo monarca que assinou um decreto anistiando revoltosos inimigos dos Andradas. No mês seguinte José Bonifácio e Martim Francisco demitiam-se, enquanto Antonio Carlos se destacava como principal articulador do projeto constitucional na Assembléia Constituinte.Na oposição os Andradas passaram a combater tenazmente o governo de D. Pedro não somente na Assembléia, mas, sobretudo no Tamoio, jornal que fundaram em agosto de 1823 e cujo título, nome de uma tribo famosa pela aversão que tinha aos portugueses, mostra claramente sua orientação.
Com a dissolução da Constituinte, José Bonifácio, seus irmãos e alguns partidários, foram deportados para Europa. De volta ao Brasil, foi residir na ilha de Paquetá, reaproximando-se de D. Pedro I que após abdicar ao trono, indicou-o como tutor de seu filho (futuro D. Pedro II). Suspeito de participar da conspiração que pretendia restaurar D. Pedro I foi acusado de crime político e preso em 1833, sendo julgado e absolvido por unanimidade. Em seus últimos dias de vida mudou-se para cidade de Niterói, onde faleceu em 1838.Se procurarmos entender o que de fato representou o estadista José Bonifácio na realidade histórica marcada pelo processo de formação do Estado Brasileiro, encontraremos um personagem extremamente conservador e até reacionário, já que quase tudo nele, girava em torno dos interesses da aristocracia rural escravista, a classe social que José Bonifácio efetivamente representou ao longo de sua vida política.
Rodolfo Scarpa Maria Fernanda Maria Beatriz Mariana Costa
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