quinta-feira, 5 de março de 2009

REVOLTAS REGENCIAS: O POVO E A ELITE CONTRA O GOVERNO CENTRAL.





























A Cabanagem - (Grão-Pará, 1835-1840)

A Cabanagem foi o mais importante movimento popular do Brasil. Foi o único em que representantes das camadas humildes ocuparam o poder em toda uma província.
A decadente economia da província do Grão-Pará, que englobava os atuais Estados do Pará, parte do Amazonas, Amapá e Roraima, se baseava na pesca, na produção de cacau, na extração de madeiras e na exploração das drogas do sertão. Utilizava-se a mão-de-obra escrava negra e a de índios que viviam em aldeias ou já estavam destribalizados e submetidos a um regime de semi-escravidão.
Os negros, índios e mestiços compunham a maioria da população inferiorizada do Grão-Pará e viviam agrupados nas pequenas ilhas e na beira dos rios em cabanas miseráveis (daí o nome cabanos, como eram conhecidos).
Liderados a princípio por grupos da elite que disputavam o poder, os cabanos, insatisfeitos, resolveram assumir sua própria luta contra a miséria, o latifúndio, a escravidão e os abusos das autoridades. Invadiram Belém, a capital da província, depuseram o governo que havia sido imposto pelos regentes e assumiram o poder. Formou-se então o único governo do país composto por índios e camponeses.
Entretanto, a radicalização e a violência da massa cabana, a dificuldade em organizar um governo capaz de controlar as divergências entre os próprios cabanos e a traição de alguns chefes, que chegaram a ajudar as tropas e os navios enviados pelo governo central, causaram o fracasso do movimento.
Vencidos na capital pelas forças do governo, os cabanos reorganizaram as massas rurais e continuaram lutando até 1840, quando a província, pela força da opressão e da violência, foi obrigada a aceitar a pacificação.
A Cabanagem deixou um saldo de 40 mil mortos. Era mais um claro exemplo que a classe dominante não admitia a ascensão do povo ao poder nem as manifestações populares que colocassem em risco o domínio político da aristocracia.


A Sabinada (Bahia, 1837-1838)

A Sabinada, diferentemente da Cabanagem, foi uma rebelião de elementos da camada média urbana de Salvador e que não contou com a participação da massa pobre e com o apoio da aristocracia latifundiária.
Os organizadores do movimento, entre os quais se destacou o médico Francisco Sabino da Rocha Viera (daí o nome Sabinada), acreditavam que somente a luta armada para derrotar o governo regencial possibilitaria a solução dos problemas econômicos do país.
Organizado o movimento, os rebeldes, com o apoio de algumas tropas militares baianas, tomaram o poder na capital da província e proclamaram a República.
Porém, no ano seguinte, os rebeldes foram cercados e atacados em Salvador pelas tropas fiéis ao governo e apoiadas pelos latifundiários baianos.
A repressão foi violenta. Verdadeiros atos de crueldade foram cometidos pelos soldados, que chegaram a jogar prisioneiros vivos em casas incendiadas.
Francisco Sabino, foi preso e desterrado para o Mato Grosso, onde faleceu posteriormante.

A Balaiada (Maranhão, 1838-1841)
A Balaiada foi uma rebelião da massa maranhense desprotegida, composta por escravos, camponeses e vaqueiros, que não tinham a menor possibilidade de melhorar sua condição de vida miserável.
Esses grupos sociais, que formavam a grande maioria da população pobre da província, encontravam, naquele momento, sérias dificuldades de sobrevivência devido à grave crise econômica e aos latifúndios improdutivos.
A crise econômica havia sido causada pela queda da produção do algodão - base da economia da província - que sofria a concorrência norte-americana.
Assim como havia ocorrido com os cabanos do Grão-Pará, essa massa de negros e sertanejos, cansada de ser usada pela classe dominante, terminou se envolvendo numa luta contra a escravidão, a fome, a marginalização e os abusos das autoridades e militares.
Os líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, o fabricante de Balaios (daí o nome Balaiada) Manuel Francisco dos Anjos Ferreira e o negro Cosme, chefe de um quilombo e que organizou quase três mil negros sob sua liderança.
Os rebeldes chegaram a conquistar Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão. Porém, a desorganização e a falta de união dos líderes, as divergências entre os líderes e a divisão desordenada dos grupos , onde cada chefe agia isoladamente, facilitaram a vitória das forças militares comandadas pelo coronel Luís Alves de Lima e Silva, enviadas pelo governo para reprimir o movimento.
Por ter vencido os rebeldes em Caxias, Luís Alves de Lima e Silva recebeu o seu primeiro título de nobreza: Barão de Caxias. Mais tarde, ele recebeu outros títulos, inclusive o de Duque de Caxias, pelo qual é mais conhecido.

A Guerra dos Farrapos (Rio Grande do Sul, 1835-1845)

A Guerra dos Farrapos, também chamada Revolução Farroupilha, foi a mais longa guerra civil brasileira. Durou 10 anos. Foi liderada pela classe dominante gaúcha, formada por fazendeiros de gado, que usou as camadas pobres da população como massa de apoio no processo de luta.
Apesar da participação do povo, esse movimento difere da Cabanagem e da Balaiada, pois os fazendeiros, unidos, jamais permitiram que as camadas populares assumissem a liderança do movimento ou se organizassem em lutas próprias.
A elite fazendeira do Rio Grande do Sul contestava a centralização política, o desinteresse do governo central pelos problemas das províncias e os tratados comerciais que prejudicavam o país. Contestava também os impostos e as baixas taxas alfandegárias cobradas na importação de produtos estrangeiros, principalmente o charque (carne-seca) argentino e uruguaio, que concorria com mercados consumidores brasileiros.
Desde o século XVII, a base da economia gaúcha era a criação de gado e principalmente a fabricação do charque, importante produto para a alimentação dos escravos e das populações mais necessitadas que viviam nas zonas mineradoras e nos latifúndios do Norte e do Nordeste.
Entretanto, os fazendeiros gaúchos, para venderem o charque nas outras províncias do Brasil, eram obrigados a pagar impostos alfandegários, como se o produto fosse estrangeiro.
Dessa maneira, o charque do Rio Grande do Sul, produzido em bases escravistas, não podia competir com o preço e a qualidade do charque argentino e uruguaio, que pagava baixas taxas de impostos nas alfândegas do Brasil e era produzido em escala superior, com a utilização de mão-de-obra assalariada, mais dinâmica e produtiva que a escrava.
Diante disso, os fazendeiros de gado organizaram a luta, que tinha como finalidade solucionar os problemas econômicos da província e obter liberdade de escolherem seus próprios governantes.
Em 1835, os rebeldes, comandados por Bento Gonçalves, tomaram a cidade de Porto Alegre e, no ano seguinte, proclamaram a República Rio-Grandense, também chamada República de Piratini.
Sob o comando de Davi Canabarro e auxiliados pelo italiano Garibaldi, os gaúchos continuaram lutando e conquistaram Santa Catarina, a República Juliana.
Os rebeldes iam ampliando suas conquistas e organizando seu próprio governo. Chegaram a convocar uma Assembléia Constituinte para a elaboração de um projeto de Constituição.
De acordo com as idéias revolucionárias, o regime político adotado seria uma república presidencialista, em que o presidente seria eleito pelo voto censitário e governaria assessorado por um grupo de conselheiros.
Para combater os rebeldes e tentar a paz, o governo central nomeou Caxias como governador do Rio Grande do Sul.
Caxias isolou os rebeldes , cortou as principais linhas de comunicação e abastecimento dos farrapos e propôs um acordo de paz, que incluía uma anistia aos combatentes farroupilhas.
Entretanto, somente em 1845 os rebeldes aceitaram a paz proposta por Caxias. Pelo acordo estabelecido, além da anistia ampla e restrita aos rebeldes, o governo deveria libertar os escravos que lutaram ao lado dos farrapos; incorporar ao Exército Imperial, com as mesmas patentes, os oficiais rebeldes; devolver aos farrapos as propriedades tomadas durante a luta; mudar a política de cobrança de impostos. Assim, fez-se a paz.

Um comentário:

  1. Conclusão sobre a diferença da s revoltas regenciai s . 2ºB




    As revoltas populares não havia o apoio militar e tinha como propósito a diminuição da desigualdade, a descentralização do poder, a diminuição de impostos e da opressão aos escravos. Já as revoltas das elites, mesmo a massa das revoltas sendo composta pelas camadas mais baixas eram lideradas pelas elites liberais, essas possuíam apoio militar e tinham como foco de interesses maior vantagens econômicas e poder político.

    Alunos : Ana Laura , 01 ; Bruna , 03 ; Henrrique Seren , 09 , Maria Fernanda , 15

    2ºB E.M / Colégio Anjo da Guarda

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